O Público retoma a matéria dos ataques informáticos como arma de protesto social e político. Como seria de esperar, também a este Jardim chegam as novas qualidades que o mundo vem tomando. Por vezes chegam com algum atraso pois, como sabem, somos, dizem, um país periférico. Agora chegaram os ataques informáticos dirigidos a instituições como forma de protesto e realizados por designados "piratas informáticos". Nesta matéria já conhecíamos as fraudes e os vírus, mas a utilização da pirataria informática como arma de protesto social e político, tendo como alvos instituições significativas do ponto de vista social como a PSP, o Parlamento, empresas ou outros organismos é razoavelmente inovadora e significativa em Portugal. Sinais dos tempos.
Como já foi referido, por exemplo por Maria José Morgado, as autoridades parecem pouco preparadas para lidar com este tipo de comportamentos. Num país de brandos costumes, costuma dizer-se, as autoridades estão mais preparadas para uma forma mais habitual de protesto que inclui uma liturgia previsível e sem grandes sobressaltos.
Este novo fenómeno, para além do impacto social e da maior ou menor simpatia que possa colher na opinião pública, pode ter efeitos não antecipáveis mas significativos.
No entanto, apesar de conter dimensões inovadoras este cenário vem juntar-se a um velho universo de piratices que de há muito está instalado no Portugal dos Pequeninos.
Todos os dias temos novas notícias, desenvolvimentos como lhes chamam, sobre actos de pirataria. É certo que uns decorrem com a face mais oculta que outros mas quase sempre com piratices envolvendo muitos milhões que, sem surpresa e por vezes, acabam por sobrar para nós. É certo que há piratas e piratas, uns, os chefes, nem parecem piratas até chegam a ocupar cargos de relvo em variadíssimas áreas mas, como sabem, os tempos são outros e algumas práticas perdem-se ou modernizam-se. Temos também os piratas mais pequenos, alguns desses, às vezes até são descobertos e capturados mas também não se sabe muito bem o que fazer com eles e, quase sempre, não acontece nada. Temos ainda uma espécie muito interessante de piratas que são os que pirateiam mas não são piratas, ou seja, esperamos que cuidem de nós e na voltam tratam deles à nossa custa.
Estranhamente e devido, provavelmente, ao imaginário criado pelas leituras da infância das histórias de piratas, convivemos de forma tranquila com estas piratices, são histórias.
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