sábado, 17 de dezembro de 2011

O ACORDO DO DESACORDO

Umas das vantagens de ser velho é poder ser teimoso e ter uma justificação para isso, a idade, toda a gente sabe como os velhos são teimosos. Do que tenho lido ainda não me convenci da bondade do acordo ortográfico a que nos obrigaram e que tanta oposição tem suscitado.
Entendo que as línguas são estruturas vivas, em mutação e isso é importante. No entanto, a grande razão, a afirmação da língua portuguesa no mundo, não me convenceu pois não me parece que o inglês e o castelhano que têm algumas diferenças ortográficas nos diferentes países em que são língua oficial, experimentem particulares dificuldades na sua afirmação, seja lá isso o que for. De facto não tenho conhecimento da perturbação e do drama com origem nas diferenças entre o inglês escrito e falado na Inglaterra e nos Estados Unidos, mas isto dever-se-á, certamente, a ignorância minha e à pequenez irrelevante daquelas comunidades anglófonas.
Por outro lado, a opinião dos especialistas não é consensual, longe disso, e eu sou dos que entendem que em todas as matérias é importante conhecer a opinião de quem sabe.
Neste quadro e como sou teimoso vou continuar a escrever em desacordo até que o teclado me corrija. Nessa altura desinstalo o corrector que venha com o acordo e vou correr o risco de regressar à primária, ou seja, ver os meus textos com riscos vermelhos por baixo de algumas palavras, os erros.
Nessa altura, também não me importo, os velhos, além de teimosos têm coisas esquisitas.

2 comentários:

anónimo paz disse...

Também sou velho, teimoso e não entendo a bondade do dito acordo.
Escrevo como me ensinaram, umas vezes mal outras bem.

Não me debrucei sobre as alterações (nem o vou fazer) mas quer-me parecer que houve de facto (fato no acordo)cedências despropositadas que desvirtuam o nosso significado da palavra e entendo as ditas mudanças no léxico Português (de Portugal como é óbvio) como servilismo a uma economia emergente.


saudações

Cláudia Anjos Lopes disse...

Ainda não sou velha, mas também não entendo a bondade do acordo. Partilhamos a mesma teimosia.