No Público pode ler-se que a Associação pela Igualdade Parental fez sentir junto do MEC a necessidade de que as escolas aceitem a existência de dois encarregados de educação no caso de crianças com pais divorciados.
A justificação prende-se evidentemente com a necessidade de que ambos os progenitores se sintam envolvidos na vida escolar dos miúdos, condição importante para o bom andamento da mesma.
De facto, os números mais recentes sobre o universo familiar mostram o aumento do número de divórcios e, naturalmente, do número de crianças que como costumo dizer se encontram “entre”famílias”, isto é, permanecem numa situação familiar com um dos progenitores e, em tempos variáveis, integram uma outra situação familiar com o outro progenitor. O volume de opiniões sobre estas situações é extenso, oscilando entre considerações de natureza moral e/ou ética e um entendimento científico sobre a forma como as famílias e sobretudo as crianças e jovens lidam com as circunstâncias. Por mim, creio “apenas” que o(s) ambiente(s) familiar(es) deve ser suficientemente saudável para que a criança se organize também saudavelmente e faça o seu caminho. Neste quadro, faz todo o sentido que, independentemente da necessidade os pais procurarem proactivamente o acompanhamento conjunto da vida escolar dos miúdos, a própria escola assuma a intenção e o procedimento que favoreça esse envolvimento.
A este propósito recordo uma pequena história optimista que há já algum tempo aqui deixei no Atenta Inquietude.
No último dia de aulas, a Ana foi à biblioteca da escola entregar um livro. Quando estava para sair, o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, disse-lhe adeus e desejou-lhe boas férias. A Ana riu-se.
Vão ser boas, Velho, vou ter duas férias.
Duas férias, Ana? Como é isso?
Primeiro, vou de férias com a minha mãe, com o amigo dela, o João, e com o Manel que é filho do João. Depois, vou de férias com o meu pai, a amiga dele, a Sara, e com o Tito que é o filho da Sara.
Estás contente?
Claro. Eles são todos fixes e a gente farta-se de brincar. Brinco mais do que brincava quando vivia com o pai e a mãe. Eles estavam sempre um bocado chateados e a gente não brincava muito. Já viste Velho, tinha uma família chata e agora tenho duas famílias mesmo fixes.
Sorte a tua, Ana, boas férias.
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