Uma das decisões iniciais do MEC foi desencadear uma avaliação ao Programa Novas Oportunidades centrando-se ao que parece na questão do impacto na empregabilidade e qualidade de emprego das pessoas que nele se envolveram. Parece-me importante face a alguns argumentos que em diferentes ocasiões aqui coloquei.
A imprensa de hoje noticia que os profissionais da maioria dos Centros Novas Oportunidades têm a sua situação indefinida pois o financiamento dos Centros termina no final do ano. Parece-me deplorável e na linha do que tem vindo a ser a linha de pensamento político que informa as decisões em diferentes áreas e matérias, “euros primeiro, pessoas depois”. Enquanto decorre a avaliação a situação dos profissionais deveria ser acautelada e clara.
Por outro lado e retomando notas antigas, é de facto necessária uma séria e profunda avaliação ao programa em função de dois critérios fundamentais a qualidade da qualificação providenciada e o impacto na qualidade e nível de emprego. Algumas das avaliações realizadas centraram-se, do meu ponto de vista, em aspectos que sendo interessantes, não contemplaram a essência dos objectivos do programa e é isso que deve estar em avaliação.
Em muitos Centros Novas Oportunidades, o empenho e a qualidade dos profissionais tentou gerir da melhor forma a situação criada pelo enorme equívoco promovido pela gestão política do Programa. Qualificar não é sinónimo de certificar e este equívoco feriu de morte um Programa que começou em cima de um bom princípio, certificar competências adquiridas e providenciar novas competências a pessoas sem percurso escolar significativo. Em Dezembro de 2008 dizia o Professor Luís Capucha, responsável pelo Programa, que, “estando a certificar 4 000 pessoas por mês, é curto, temos que aumentar a produção de certificados, temos que multiplicar por sete o “produto”, temos que certificar 29 900 para cumprir as metas do Governo”. Como afirmei na altura, parece-me possível certificar 30 000 pessoas por mês, qualificá-las é algo bem mais difícil. Curiosamente, na imprensa de hoje nas referências a esta matéria, levanta-se a hipótese de que os Centros com menor “produtividade” sejam os principais candidatos ao encerramento.
Não conheço a avaliação que estará a ser realizada ao Programa, aliás a avaliação de programas não faz habitualmente parte da nossa cultura, mas o envolvimento de muitos técnicos e de muitas das pessoas que nele participaram, mereciam essa avaliação. Seria uma forma de separar o pouco trigo do muito joio.
4 comentários:
http://pt.scribd.com/doc/17014737/As-Novas-Oportunidade
Cláudia, apesar do universo que descreve e que eu tenho abordado em vários textos aqui no blogue, deve referir-se algumas boas experiências e o facto do Programa Novas Oportunidades, na sua génese, assumir princípios importantes, a certificação e validadação de competências adquiridas por pessoas que abandonaram a escola precocemente. Depois e por pressão política, do meu ponto de vista, começaram a confundir certificar com qualificar, a trabalhar para os números, embora, insisto, existam exemplos de boas práticas.
Acredito que existam, só que ainda não os conheci, e por isso não consigo descrevê-los.
Considera positivo certificar as competências das pessoas sem lhes oferecer qualificação?
Uma das questões que se me colocam é "Se as pessoas não têm conhecimentos suficientes, e não lhes vão ensinar nada neste curso, como podem atribuir-lhes um certificado de 9º ano?".
Cláudia, foi exactamente o que escrevi, "certificar não é qualificar" donde, se não se sabe não se pode certificar que se sabe. O que também escrevi é que apesar disto tudo algumas coisas foram bem feitas e algumas pessoas beneficiaram MESMO de qualificação.
Aliás, pode pesquisar no blogue tudo o que desde o início tenho vindo a escrever sobre o Programa Novas Oportunidades
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