A agenda de hoje é dominada pela implosão da famosa Torre 5 do mítico Bairro do Aleixo. Dizem as más-línguas que esta operação, mais do que erradicar umas das mais emblemáticas obras exemplificativas das delinquentes políticas de urbanismo e alojamento em vigor em Portugal desde há décadas e nunca contrariadas, se deve à área e localização e vista privilegiada daquela área e que, consta, se destinará a um condomínio de luxo. É o outro lado da guetização, o bairro degradado vs o condomínio de luxo bem trancado.
A operação, citando um dos responsáveis através do Público, foi “tecnicamente perfeita”. A que parece verificaram-se alguns incidentes com habitantes do bairro pouco sensíveis aos efeitos especiais do seu mundo, bom ou mau, a implodir. Segundo algumas vozes, o seu o alojamento também não está garantido. Minudências, a Torre 5 implodiu numa operação tecnicamente perfeita.
Parece assim tudo conforme e coerente, implode a torre do bairro que implode do país que implode e dos habitantes que implodem.
Milhares de famílias estão em implosão ou em sério risco de que isso aconteça. Implodiu o emprego, implodiu o presente e sobretudo parece que a esperança no futuro também está a implodir.
Dizem-nos aliás que temos de empobrecer, implodir, para ser. Para ser o quê?
Resta-me uma última dúvida nesta enorme conjuntura em implosão. Será que alguém a considera “tecnicamente perfeita”?
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