terça-feira, 6 de dezembro de 2011

OS MIÚDOS COM UMA LÍNGUA ESTRANHA

Com alguma frequência, diria mesmo que cada vez com maior frequência, oiço pessoas referirem a dificuldade que sentem em entender os miúdos. Estas afirmações surgem em diferentes circunstâncias, são proferidas por pessoas com diferentes áreas de desempenho e mesmo com funções junto dos miúdos como pais ou educadores profissionais.
Devo dizer que estas afirmações me causam alguma estranheza.
Na verdade, os miúdos apesar de utilizarem algumas palavras novas, aliás como os adultos, os tempos novos levam-nos também a palavras novas, continuam a falar a mesma linguagem de sempre, a linguagem dos miúdos.
Do meu ponto de vista, a questão, de uma forma geral e excluindo situações muito particulares de perturbação ou incapacidade por exemplo, tem mais a ver com os tempos que correm e a forma como mudam a maneira como escutamos, ou não, os miúdos. Temos menos tempo, temos mais pressa e impaciência, queremos que eles cresçam depressa, esquecemos que eles além dos sins precisam de nãos que os organizam.
Submergimos os miúdos em actividades que os conduzirão à excelência mas que lhes roubam o tempo de ser miúdos. Por isso muitos deles se agitam e estrebucham numa luta diária com uma vida que não os acolhe e que também não percebem para onde os leva.
Algumas vezes quando oiço gente a falar da dificuldade de entender os miúdos fico a pensar que se trata mais de uma dificuldade em nos entendermos a nós.
A língua dos miúdos continua a ser a mesma, apesar das palavras novas.

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