terça-feira, 6 de janeiro de 2009

PARA ALÉM DA CRISE GRANDE E DA POLÍTICA GRANDE

Nem só da CRISE grande e da POLÍTICA grande se pode fazer o nosso quotidiano de país pequeno. Assim, julgo que é importante manter os olhos, os ouvidos e, sobretudo, os neurónios na crise GRANDE da política PEQUENA. Para ajudar a esta ideia, trago-vos uma notícia que recolhi no Correio da Manhã e que me parece notável. A Câmara Municipal do Cartaxo, concelho com cerca de 25 000 habitantes, abriu um concurso para 14 chefes de secção. Ao que parece, para além da duvidosa legalidade do concurso, a maioria das secções não tem sequer um quadro de pessoal que justifique a chefia. O Senhor Presidente, Paulo Caldas, sustenta que detectou “uma grande falta de quadros em patamares intermédios de responsabilidade” negando, obviamente, qualquer eventual situação de menor lisura processual ou ética.
Certamente por coincidência e mérito comprovado, o novo chefe do importante Departamento de Trânsito e Sinalização é pai do Senhor Presidente que tem sido chefe de gabinete de uma Senhor Vereadora que integrava o júri do concurso. Seguramente pelo mesmo critério, mérito comprovado, um senhor dirigente do STAL, que “não presta serviço na Câmara há 17 anos, é o novo chefe da única técnica superior de património do quadro da autarquia”. Para finalizar, evidentemente por distracção, o concurso foi homologado pelo Senhor Vice-presidente da Câmara que foi, isso mesmo, o presidente do júri do concurso.
É também a crise grande da política pequena. Para utilizar a terminologia do Senhor Presidente da Câmara do Cartaxo, detecta-se uma grande falta de responsabilidade e de formação ética nos quadros intermédios do poder, aqui na versão quadros de topo do poder local. E assim se cumpre Portugal.

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