Duas notícias aparentemente sem ligação suscitam, creio, alguma reflexão. A primeira remete para a reunião de Presidentes de Conselhos Executivos que hoje se realizou em Santarém para discutir a actual situação nas escolas. Esta reunião, independentemente dos seus conteúdos e decisões, parece-me de particular importância. Sobretudo a partir da manifestação de 8 de Março, ficou claro, afirmei-o aqui na altura, que a expressão do sentir dos professores tinha ficado fora do controlo do movimento sindical e, naturalmente, assustou o ME. Em consequência, foi assinado o memorando de entendimento. Só que os professores rapidamente se demarcaram do memorando, obrigaram o movimento sindical a reconsiderar e a manifestação de 8 de Novembro e a greve de 3 de Dezembro mostraram como os professores parecem emancipar-se da tutela sindical. Para além disso, durante os últimos meses, surgiram vários movimentos de professores fora da lógica de representação sindical a envolverem-se nas questões em agenda. A reunião de hoje dos Presidentes de CE é mais um passo neste caminho interessante de participação cívica e política fora da tutela partidária ou sindical, embora neste caso dos professores, dentro de um contexto profissional restrito, ainda que de significativa importância social.
A outra notícia, de âmbito mais alargado mas na mesma linha, prende-se com o aparecimento de um movimento cívico disposto a militar pela abstenção. A Plataforma Abstencionista, assim se chama o movimento, parece contestar os fundamentos da partidocracia instalada e propõe-se fazer da abstenção um voto de protesto contra este cenário. Segundo um dos promotores citado pelo Público, o movimento aparece ligado “a individualidades e grupos oriundos da esquerda libertária” e procurará alargar a sua base de apoio através de um conjunto de iniciativas centradas na defesa da abstenção.
As duas iniciativas parecem-me ligadas pela emergência de posições activas e organizadas fora da actividade partidária ou de instituições com tutela partidária e são indiciadoras, por um lado, de que talvez esteja a iniciar-se alguma forma de rejuvenescimento da vida cívica e, por outro lado, um aviso e uma forma de pressão para que os próprios partidos participem na mudança, se ainda forem a tempo.
A outra notícia, de âmbito mais alargado mas na mesma linha, prende-se com o aparecimento de um movimento cívico disposto a militar pela abstenção. A Plataforma Abstencionista, assim se chama o movimento, parece contestar os fundamentos da partidocracia instalada e propõe-se fazer da abstenção um voto de protesto contra este cenário. Segundo um dos promotores citado pelo Público, o movimento aparece ligado “a individualidades e grupos oriundos da esquerda libertária” e procurará alargar a sua base de apoio através de um conjunto de iniciativas centradas na defesa da abstenção.
As duas iniciativas parecem-me ligadas pela emergência de posições activas e organizadas fora da actividade partidária ou de instituições com tutela partidária e são indiciadoras, por um lado, de que talvez esteja a iniciar-se alguma forma de rejuvenescimento da vida cívica e, por outro lado, um aviso e uma forma de pressão para que os próprios partidos participem na mudança, se ainda forem a tempo.
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