sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A TERRA DA CONTRADIÇÃO

Era uma vez uma terra chamada A Terra da Contradição. Tinha, como muitas das terras, uma forma de organização política chamada de democracia. Como é habitual, as pessoas organizavam-se em estruturas partidárias e, na altura, em que se realizavam eleições, desenvolviam-se as usais campanhas em que cada partido procurava captar o voto do cidadão. O partido com mais votos era chamado a constituir o governo que, em princípio, duraria até novas eleições. A Terra da Contradição tinha uma particularidade curiosa que envolvia muita gente mas, estava sobretudo presente no discurso das pessoas ligadas à actividade política. Era essa particularidade o facto de cada pessoa, consoante as circunstâncias, o tempo ou outro qualquer critério, expressar opiniões e posições absolutamente contraditórias. De facto, era muito frequente uma pessoa pertencendo ao partido do governo defender uma coisa, e, quando na oposição defender outra completamente diferente. Em poucos dias ou semanas as pessoas mudavam de opinião com a maior das facilidades sobre qualquer aspecto.
Uns diziam que este funcionamento se deveria à inteligência das pessoas, porque “só não mudam os burros”, outros achavam que é preciso evoluir, alguns ainda pensavam que se tratava de alguma incoerência nos outros e flexibilidade em si próprios. Enfim, a dificuldade era encontrar alguém que, de facto, tivesse um discurso coerente, sólido e durável sobre a vida e as suas circunstâncias, sobretudo ao nível dos grandes princípios. Às vezes, os que assim procuravam manter-se até eram acusados de conservadores, imobilistas e incapazes de evoluir.
Esta terra tinha uma paisagem lindíssima e bucólica, marcada pela presença dos milhares de cata-ventos das mais variadas formas e cores.

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