quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

CRÓNICA DE ANO NOVO

Aqui no meu Alentejo, numa tarde cabaneira, com chuva, vento e frio, só mesmo na cabana em frente ao lume de chão. Por milagre da banda larga e do portátil mantenho-me ligado a um mundo que está a “passar de ano”, aqui do monte não se nota.
Invariavelmente, muitos de nós acabamos o ano a tomar decisões sobre o que vamos fazer de diferente no próximo ano, novo como lhe chamamos e que tão rapidamente fica parecido com o velho de que acabámos de nos despedir. Por razões de natureza familiar, nunca a “passagem de ano” foi algo de comemorado. Assim foi enquanto era pequeno, assim fiquei habituado quando cresci, assim decido agora.
O ano velho, envelheceu e ficou mal quase de forma inesperada e rápida. O ano mais novo adivinha-se difícil e incerto, mais incerto do que o futuro costuma ser. Assim, quando as pessoas quiserem, como de costume, pensar no que vão mudar, muitas estarão verdadeiramente preocupadas com o que vão manter, dito de outra maneira, no fundo estamos, uns mais do que outros, com medo de perder mas não sabemos exactamente o quê. Os riscos de que alguns de nós possam perder seriamente, por exemplo o emprego e bem-estar, as consequências devastadoras desta situação, obrigam-nos ao que considero o grande desafio, a preocupação com as pessoas.
De facto, a comunidade vai ter que responder com a solidariedade possível aos problemas de cada outro. O reforço das chamadas políticas sociais, a criteriosa gestão dos recursos disponíveis, a responsabilidade social dos agentes económicos, a solidariedade individual, etc., nunca como agora foi tão exigida. Será ainda um ano de eleições, circunstância tentadora para instrumentalizar politicamente, quer as dificuldades, quer eventuais soluções e apoios. Esperemos que os actores políticos resistam à tentação.
Sou razoavelmente optimista, por isso, espero que no final de 2009, as perspectivas sobre o ano novo sejam mais positivas do que hoje.

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