sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O REALISMO E A ILUSÃO

Como já tenho referido, estranho a quase euforia com que são reconhecidas falhas do governo na previsão de indicadores, sobretudo quando estes ficam mais negativos do que o previsto. A tentação do eventual dividendo político é maior do que a necessidade de reconhecer que a falha quer dizer que o país, os portugueses, estão pior e que a quase euforia deveria transformar-se num aumento da preocupação e em discursos dirigidos para a busca de soluções.
Por outro lado, também é reconhecido como legítimo, esperar que lideranças eficazes sejam capazes de transmitir confiança e esperança. Assim, não é de estranhar que as lideranças políticas, todas elas, lembrem-se da teoria do oásis, não resistam à criação de amanhãs que cantam e de presentes cor-de-rosa, ainda que um pouco desmaiados.
A grande questão é o equilíbrio entre um discurso realista que crie esperança e optimismo e um discurso assente em realidade virtual, presente ou futura que venda ilusões.
Tenho para mim que, quanto mais realista for o retrato da realidade, melhor preparados estaremos para lidar com ela e, portanto, produzir análises, discursos e acções em que as pessoas possam ter confiança e esperança. A classe política torna-se mais credível e os cidadãos menos desconfiados. Mas, não sei porquê, muitos políticos acham que a seriedade não dá votos. Estão enganados.

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