Há muitos anos, quando comecei a
minha vida profissional, ao confessar as hesitações e insegurança naturais, um
dos Mestres dizia-me que deveria seguir o exemplo do cisne. Na altura nunca de
tal ouvira falar pelo que se seguiu a explicação, quando olhamos para um cisne
num lago, a forma serena e tranquila como ele desliza na água transmite essa
mesma serenidade e tranquilidade. No entanto, não percebemos que são fruto da
agitação das patas do cisne que se passa debaixo de água pelo que não vemos.
Finalizou o Mestre que quando temos alguém ou algum grupo à nossa frente,
muitas vezes a precisar de ajuda ou a esperar algo, é importante que sigamos o
cisne, mostrar serenidade e tranquilidade porque isso é bom para as pessoas,
fá-las sentir melhor, mesmo que por “debaixo de água” estejamos agitados e
inquietos.
Não me esqueci do conselho que,
aliás, tenho passado juntos dos mais novos que comigo se cruzam nestes já
longos anos de formação, atrevimento de velho.
Actualmente penso como tão
precisados estamos de cisnes. As pessoas andam tensas, crispadas, inquietas e
isto contagia. No caso dos miúdos é muito evidente. Muitos pais, muitos
professores, muitos adultos em geral, não andam tranquilos e serenos, pelas mais
variadas razões. Como é natural, os miúdos sentem esse clima e também se sentem
inseguros, inquietos, faltam-lhes referências tranquilizadoras, que promovam
serenidade nos comportamentos e nas ideias.
Mas no mundo dos adultos passa-se
o mesmo. Se bem repararmos também não sentimos a existência dessas referências
tranquilizadoras. Os discursos e os comportamentos das lideranças, nas mais
variadas dimensões, são também instáveis, crispados, agressivos, contaminadas
por interesses que nem sempre entendemos e tudo isto resulta em insegurança e
desconfiança.
É verdade, cisnes precisam-se com
urgência.
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