A propósito da divulgação das
colocações no ensino superior o Público tem uma peça interessante com testemunhos
de jovens que são os primeiros da sua família a frequentar ensino superior, referindo
motivações, contextos sociais e familiares, projectos de vida, etc. Não pude
deixar de viajar lá para trás, muito para trás no tempo. Também eu fui o primeiro
da minha família mais próxima a obter formação superior.
Sendo filho de um serralheiro e
de uma costureira, neto de gente ligada à costura e à agricultura não era
suposto que continuasse a estudar. Aliás, lá na zona houve quem se admirasse de
tal acontecer.
Ainda não há muito tempo
participei num encontro que contava também com a presença de uma pessoa que estimo, o Professor Marçal Grilo,
ex-ministro da Educação e autor de um livro com o título curioso e elucidativo “Se
não estudas, estás tramado”, conversámos sobre o estudar e a importância da qualificação. Recordei-me e recordei-lhe que a minha própria
experiência de vida se ligava com aquela ideia também afirmada há mais de 50
anos.
O meu pai, Homem que como costumo
dizer me mostrou o que nunca tinha visto, também me disse “Se não estudas, tás
tramado”.
E eu estudei e já no ensino
superior trabalhei para poder estudar. Vi mundo que não imaginava ver, fiz o
que não pensei fazer, estive onde não sonhava estar, conheci gente que não
imaginava conhecer, sempre por dentro da paixão objecto do estudo e do
trabalho, a Educação.
Na verdade, a escola, a educação
pode, deve fazer a diferença.
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