sexta-feira, 22 de setembro de 2017

ESTÃO A DAR CABO DESSA COISA LINDA, O FUTEBOL

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol alerta hoje em artigo no Público para os enormes riscos do ambiente que tem vindo a ser criado em torno do futebol. Já vem tarde e as estruturas directivas e reguladoras são parte do problema embora, evidentemente se espere que façam parte da solução.
Na verdade, também no desporto, em particular no futebol, os tempos andam feios, por cá e por fora. Estranho seria se assim não fosse.
A minha paixão pelo futebol vai resistindo mal aos maus tratos que vai recebendo. São recorrentes e progressivamente mais radicalizados e violentos os comportamentos e discursos que o envolvem para além da componente negócio que também desempenha um papel importante no clima criado.
Não será improvável, antes pelo contrário, que tenhamos um dia destes mais episódios de natureza grave fruto da irracionalidade e do ambiente de hostilidade e ódio instalados.
Os mais recentes episódios envolvendo as claques do Benfica, Porto e Sporting mostram quão próximo podemos estar de alguma tragédia.
Há algum tempo a imprensa referia (desejava) que os clubes, leia-se as suas direcções, pudessem tomar medidas face ao comportamento de alguns, muitos, energúmenos que fazem parte das suas claques.
É no mínimo ingénuo acreditar nisto. As direcções e os seus empregados e porta vozes, os seus discursos, comportamentos e decisões são também parte substantiva do problema, não podem ser parte da decisão.
A mediocridade da generalidade dos dirigentes produz discursos e comportamento que inflamam muitos dos apoiantes, apoiam e organizam as suas actividades. Servem-se deles para os jogos de poder e devem-lhes isso.
É um mundo, escrevia isto há dias, onde não existem santos e pecadores. Talvez a bola seja o elemento mais são deste universo apesar de tantas vezes também ser maltratada.
Já dificilmente me mobilizo para ir a um estádio, não consigo assistir aos milhentos programas televisivos onde opinadores avençados, salvo algumas raras excepções, vão papagueando agendas encomendadas e se envolvem em obscenas trocas de mimos e boçalidades que são mais um alimento para o clima instalado de ódio , hostilidade e agressividade.
O problema é que não consigo não continuar fascinado com esse jogo estranho chamado futebol. Por isso me inquieta tudo isto.

Sem comentários: