O presidente da Federação
Portuguesa de Futebol alerta hoje em artigo no Público para os enormes riscos
do ambiente que tem vindo a ser criado em torno do futebol. Já vem tarde e as
estruturas directivas e reguladoras são parte do problema embora, evidentemente
se espere que façam parte da solução.
Na verdade, também no desporto,
em particular no futebol, os tempos andam feios, por cá e por fora. Estranho
seria se assim não fosse.
A minha paixão pelo futebol vai
resistindo mal aos maus tratos que vai recebendo. São recorrentes e
progressivamente mais radicalizados e violentos os comportamentos e discursos que o
envolvem para além da componente negócio que também desempenha um papel
importante no clima criado.
Não será improvável, antes pelo
contrário, que tenhamos um dia destes mais episódios de natureza grave fruto da
irracionalidade e do ambiente de hostilidade e ódio instalados.
Os mais recentes episódios
envolvendo as claques do Benfica, Porto e Sporting mostram quão próximo podemos
estar de alguma tragédia.
Há algum tempo a imprensa referia
(desejava) que os clubes, leia-se as suas direcções, pudessem tomar medidas
face ao comportamento de alguns, muitos, energúmenos que fazem parte das suas
claques.
É no mínimo ingénuo acreditar
nisto. As direcções e os seus empregados e porta vozes, os seus discursos,
comportamentos e decisões são também parte substantiva do problema, não podem
ser parte da decisão.
A mediocridade da generalidade dos
dirigentes produz discursos e comportamento que inflamam muitos dos apoiantes,
apoiam e organizam as suas actividades. Servem-se deles para os jogos de poder
e devem-lhes isso.
É um mundo, escrevia isto há
dias, onde não existem santos e pecadores. Talvez a bola seja o elemento mais
são deste universo apesar de tantas vezes também ser maltratada.
Já dificilmente me mobilizo para
ir a um estádio, não consigo assistir aos milhentos programas televisivos onde
opinadores avençados, salvo algumas raras excepções, vão papagueando agendas
encomendadas e se envolvem em obscenas trocas de mimos e boçalidades que são
mais um alimento para o clima instalado de ódio , hostilidade e agressividade.
O problema é que não consigo não
continuar fascinado com esse jogo estranho chamado futebol. Por isso me inquieta
tudo isto.
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