Continua a narrativa das figuras
menores que compõem os seus relevantes currículos com licenciaturas obtidas de
forma enviesada, por assim dizer, recorrendo a manhosices frequentes no
Portugal dos Pequeninos em que ser doutor ou engenheiro é frequentemente visto
como uma condição necessária e importante para usar colada ao nome e passar a
fazer parte da identidade.
Quando era miúdo ouvia com frequência
uma expressão que era dirigida a quem se queria “armar” no que não era,
chamavam-lhe “doutor da mula ruça”. É o caso destes “doutores da mula ruça”.
No ãmbito das mudanças verificadas no ensino superior e com base num princípio que me
parece positivo estabeleceu-se a possibilidade do reconhecimento académico de
competências profissionais. Provavelmente, não se imaginaria o recurso manhoso
a este expediente e a cobertura dada a estes processos por muitas
instituições de ensino superior. No entanto, é justo referir que também muitas
delas e ainda antes da lei ser alterada fixaram máximos de unidades
curriculares que poderiam ser feitas através da creditação de experiência
profissional.
Como docente do ensino superior
lamentei e lamento toda esta narrativa que retira credibilidade a um processo que
não deveria levantar dúvidas e faz duvidar de um princípio que por si é
importante, o reconhecimento pela academia de que existem saberes e
competências que podem ser adquiridas fora da universidade/ensino poliécnico, mas trabalhando
mesmo e fazendo prova desses saberes e competências.
Fico triste com esta situação mas
não surpreendido, no fundo, como diria Miguel Torga, “a natureza humana é
fraca”.
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