Segundo a imprensa a prevista
alteração no enquadramento profissional das amas foi repensada permitindo a continuidade
do seu trabalho de acolhimento de crianças até aos três anos sob a regulação e
tutela da Segurança Social através de profissionais de educação pré-escolar.
Não é uma actividade muito
divulgada mas para muitas famílias e crianças as amas são essenciais.
Como é evidente pela importância
do seu trabalho é fundamental que o seu desempenho seja regulado e que estejam
definidas regras e limites relativos a aspectos número de crianças, qualidade
dos espaços e formação ou experiência das pessoas envolvidas.
É por demais conhecida a
existência de situações a que chamo "depósitos clandestinos de
crianças" embora saiba que existem pessoas que se dedicam a esta
actividade e o fazem com qualidade e protegendo o bem-estar das crianças.
As amas, do meu ponto de vista,
podem ocupar um papel muito importante para crianças e famílias. Como é sabido,
Portugal tem um dos mais elevados custos de equipamentos e serviços para crianças
o que é, naturalmente, um forte constrangimento um obstáculo para projectos de
vida que envolvam filhos. Por outro lado, sobretudo nas grandes áreas
metropolitanas, existe uma falta significativa de respostas e recursos a preços
acessíveis para o acolhimento a crianças dos 0 aos 3 anos é, como já disse, um
dos grandes obstáculos a projectos familiares que incluam filhos, levando aos
conhecidos e reconhecidos baixos níveis de natalidade entre nós.
A alteração dos estilos de vida,
a mobilidade e a litoralização do país, levam à dispersão da família alargada
de modo a que os jovens casais dependem quase exclusivamente de respostas
institucionais para acolhimento das crianças que, ou não existem, ou são demasiado
caras.
Neste quadro, prolifera a oferta
clandestina, tal como no caso dos idosos, onde, a preços bem mais acessíveis e
sem controlo da qualidade, se depositam os miúdos.
É certo que não fica fácil a
fiscalização dos serviços competentes porque a situação também serve às
famílias, pelo custo e pela simples existência. Relembro que num episódio divulgado
há algum tempo em que verificavam maus tratos alguns pais reagiram
negativamente ao encerramento desse depósito de crianças.
Sabemos todos como o
desenvolvimento e crescimento equilibrado e positivo dos miúdos é fortemente
influenciado pela qualidade das experiências educativas nos primeiros anos de
vida, de pequenino é que ... se torce o "destino".
Assim, ter uma resposta não institucionalizada,
com enquadramento legal, com exigência de qualificação e experiência,
instalações adequadas e limite para o número de crianças, supervisão eficaz e,
sobretudo, o aumento significativo da resposta ao nível da creche ou em
ambiente mais familiar a custo acessível é, seguramente, uma aposta no futuro e,
por isso, minimizar o risco dos depósitos clandestinos de crianças com os
riscos associados.
Sem comentários:
Enviar um comentário