No DN pode ler-se uma entrevista um
senhor que podemos designar por aficionado, o nome dados aos que gosta de touradas,
da “festa brava”.
A entrevista previsivelmente
girou em defesa da arte taurina com os argumentos mais habituais.
No entanto, o senhor conseguiu
surpreender-me ao afirmar, "O espetáculo tauromáquico não traduz violência, é pedagógico e recomendável, é extremamente didático porque ensina às crianças a forma de estar na vida.”
Desta bondade e riqueza
pedagógica e educativa apoiada numa elaborada justificação nunca me
lembraria ao ver um “espectáculo tauromáquico”.
Neste sentido e procurando entrar
nesta dimensão mais pedagógica e educativa aqui fica uma pequena e
despretensiosa história.
Era uma vez uma terra, ou melhor, várias terras, em que num espaço
fechado se juntam muitos animais a assistir a um espectáculo em que outro grupo
de animais faz sofrer outros animais. Uns animais, a pé ou montados noutros
animais. espetam ferros nos animais. Em algumas terras, alguns animais matam
também com uma ferro, uma espada, os outros animais para acabar o espectáculo.
Dizem que é um espectáculo cultural.
Nessas terras também existem animais que não gostam do que os outros
animais fazem aos animais e protestam.
Parece que agora se discute se alguns animais mais pequenos podem
assistir ao espectáculo dos animais maiores a fazer sofrer outros animais, ou
mesmo, se os animais mais pequenos devem poder fazer sofrer outros animais.
Alguns animais acham que esse espectáculo de fazer sofrer outros animais pode
não ser bom para os animais pequenos, outros animais acham que não faz mal, a
vida dos animais é assim.
Parece na verdade muito complicado o mundo dos animais. Talvez as
coisas se alterem quando os animais mais pequenos acharem assim um bocado
estranho haver uns animais grandes que se divertem a fazer sofrer outros
animais.
Até lá, de vez em quando, teremos
touradas. Lamentavelmente.
Sem comentários:
Enviar um comentário