Do Brexit, inevitavelmente.
A mediocridade das lideranças
europeias permitiu a construção de uma UE assimétrica e desigual, centrada nos
interesses de um pequeno grupo de países, não solidária, incapaz de enfrentar
problemas quer de natureza económica, submissão da política ao diktat dos
mercados, quer de natureza política, de que a tragédia dos refugiados é o
exemplo mais evidente.
Neste contexto, o voto
maioritário dos britânicos pode significar a recusa desta Europa e para além de
registar o exercício da sua soberania, um bem perdido por muitos dos países da EU
sem grande sobressalto por cá diga-se, pode sentir-se a tentação do aplauso.
No entanto, os discursos de
muitos dos líderes defensores do Brexit, Nigel Farage por exemplo, podem também
significar o risco de uma deriva xenófoba e anti-imigrante, populista e
demagógica com consequências imprevisíveis mas, certamente, inquietantes.
Aliás, para além do que já vinha
acontecendo noutros países com a emergência de uma direita mais extremada,
nacionalista e xenófoba e inimiga da solidariedade entre países europeus, é
preocupante e não é, evidentemente coincidência, a imediata colagem dos
partidos da extrema-direita em França, na Holanda, na Alemanha, na Áustria,
etc. aos resultados do referendo em Inglaterra para alimentarem as suas
posições e reclamarem processos da mesma natureza.
Mais uma vez as lideranças
europeias, mas não só, estarão sob pressão.
No cenário actual seria necessária
uma visão, um projecto europeu direccionado para as pessoas e para o seu
bem-estar, para a resolução dos seus problemas e para a solidariedade, para a
redução das desigualdades e assimetrias entre e no interior diversos países,
para a democracia das instituições e da “governação” europeia, para num quadro
de respeito pela soberania se construir um trajecto conjunto.
É na inexistência deste projecto para
a UE que reside a ameaça. Esta é a questão verdadeiramente preocupante. O Brexit, só por si, não ameaça União Europeia.
1 comentário:
Se a UE fosse um exemplo de solidariedade , liberdade e democracia o brexit não tinha acontecido.
VIVA!
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