O Público de hoje tem um extenso trabalho sobre a avaliação das escolas. O ponto de partida é o facto de que com a substituição de alguns exames
finais por provas de aferição haverá menos indicadores disponíveis criando dificuldades à comparação entre escolas e, portanto, à sua avaliação.
Este ponto de partida radica justamente numa questão que
aqui tenho referido, a sobrevalorização dos resultados escolares, exames nacionais, na avaliação externa das escolas. Recorde-se que o modelo
de avaliação em vigor assenta em três domínios, resultados escolares, prestação
de serviço e educativo e liderança e gestão. É no entanto reconhecido a
importância fortíssima dos resultados escolares dos alunos que também alimenta
a construção dos rankings. Apesar da evolução verificada na sua construção continuam
a ser, só por existirem A avaliação das escolas.
Como tantas vezes tenho dito, a avaliação, sendo
imprescindível na promoção da qualidade é tanto mais eficaz nessa função quanto
mais competente e simples possa ser.
A questão é que, como dizia o Mestre João dos Santos, o
mais difícil em educação é trabalhar de uma forma simples.
Uma das questões levantadas no trabalho do Publico é a não
existência de avaliação do trabalho em sala de aula o que, aliás, apenas se verifica em
Portugal para além da Estónia e Turquia. No entanto, esta matéria é mais uma
das muitas em que a polémica é forte. Recordemos as discussões sobre a
observação de aulas no contexto da avaliação de professores e os discursos,
práticas e equívocos instalados.
Uma outra questão importante remete para os efeitos da
avaliação. Alterado o desajustado modelo anterior assente, sobretudo, na atribuição de mais créditos
horários às escolas com melhores resultados importa que de facto a avaliação
das escolas tenha efeitos ao nível de dispositivos de apoio a dificuldades encontradas
e de incentivos a boas práticas e projectos.
Aceitando a importância que continuará a ter a avaliação
interna importa considerar que a forma como é realizada, altamente
burocratizada, solicitando uma carga enorme de informação, extensa, redundante
e parte dela inútil, da forma que é requerida. A produção desta informação
consome centenas de horas de trabalho a muitos docentes, roubadas à essência do
seu trabalho.
O nível de informação solicitada e as regras impostas de
funcionamento e organização mostra, de facto, um sistema altamente
centralizado, burocratizado e com a tentação de manter um controlo absoluto
sobre a organização e funcionamento das escolas.
É também por isto que reafirmo a
necessidade de aprofundar, de facto, a autonomia das escolas.
Como afirma Joaquim de Azevedo,
não é impossível construir um algoritmo mais “complexo e rigoroso” que sustentasse
uma avaliação das escolas que envolva resultados e processos.
Não, não é impossível, basta querer.
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