Um dia, a Maria precisou de levar
o filho, o Luís, para a casa onde trabalhava porque ele não podia ficar na
escola naquela tarde. Por coincidência, o Martim, o filho da Sra. Dra., miúdo
quase da mesma idade do Luís, também veio mais cedo do colégio. Os dois miúdos
aproveitaram para brincar um bocado. A lida da escola quase nem deixa tempo
para brincar.
Quando o Luís entrou no quarto do
Martim ficou um bocado admirado.
Tantos brinquedos, são mesmo muitos.
Dão-me muitos brinquedos, estão sempre a trazer, muitas vezes nem peço
nada.
Fixe. Posso jogar com esta consola?
Podes, tenho três, essa é a mais nova.
Três, grande sorte.
Tu não tens consola?
Não.
A tua mãe não te compra?
Compra, eu é que não quero. E tens dois computadores!
Sim esse portátil e aquele em cima da mesa com o ecrã grande para ver
filmes.
Mesmo fixe.
Não tens computador?
Tinha um que me deram na escola, o Magalhães mas está avariado há muito
tempo.
A tua mãe não te compra um?
Compra, eu é que não quero. Mas tens tantos jogos! E filmes! E livros!
Que filmes é que tu tens, podíamos trocar.
Eu não tenho filmes.
A tua mãe não te compra filmes?
Compra, eu é que não quero.
Entretanto a Maria, a mãe do
Luís, veio chamá-lo para irem embora, já tinha chegado a Sra. Dra. e ficava com
o Martim. O Luís saiu a olhar para aquelas coisas todas que a mãe não lhe
comprava porque ele não queria.
PS – Vem este texto a propósito
da notícia referente ao ressurgimento da Majora, sim, a Majora dos jogos da
nossa infância. Num clima em que o tempo para brincar vai rareando e é
sobretudo dirigido à electrónica é bom voltar a encontrar os jogos de tabuleiro
e outros brinquedos produzidos pela Majora.
O brincar da infância vai-se
encurtando, algum dia os miúdos vão nascer crescidos para já não precisarem de
brincar.
No entanto, como sempre digo, brincar
é a coisa mais séria que as crianças fazem. No brincar põem tudo o que são,
sendo ainda a base de tudo o que vão ser.
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