Segundo o Observatório Português dos Sistemas de Saúde as desigualdades sociais em saúde agravaram-se nos últimos 10 anos. O risco de doença aumenta significativamente com baixa
escolaridade, baixos rendimentos ou com a idade. Como afirma José Aranda da
Silva, um dos coordenadores do observatório. “Continuam a ser os mais pobres os
mais doentes e os mais doentes os mais pobres”.
Nada de novo e na linha da
generalidade dos estudos nacionais e internacionais.
No mesmo sentido as desigualdades
também se repercutem fortemente na esperança da vida, ou seja, para os mais
pobres a morte, tal como a doença, chega primeiro.
Recordo que em 2012, Michael
Marmot um conhecido especialista em políticas públicas de saúde, esteve em
Portugal e apresentou os resultados dos estudos que tem vindo a desenvolver no
domínio da ligação entre desenvolvimento económico e educativo, saúde,
crescimento e esperança de vida. Os trabalhos são conhecidos e os resultados
referiam-se não só a realidades muito contrastadas, países europeus e
africanos, mas também a diferenças significativas existentes, por exemplo em
Inglaterra ou na Suécia, nas implicações dos níveis de desenvolvimento,
designadamente no que respeita ao nível escolar, nas condições de saúde e
esperança de vida dos cidadãos.
Os resultados não são
surpreendentes, estão encontrados há muito tempo em diferentes estudos e, como
vemos pelos dados agora conhecidos mantêm-se.
Em primeiro lugar há que
considerar a importância decisiva que em todas as dimensões da vida das pessoas
assumem a qualificação e a informação. Melhores níveis de formação promovem
melhor qualidade nos estilos de vida. Não existe qualificação e informação a
mais.
Em segundo lugar, quando tanto se
fala no estado social, nos limites desse estado, a privatização de serviços,
por exemplo na educação e na saúde, é fundamental perceber e entender que a
comunidade tem sempre a responsabilidade ética de garantir a acessibilidade de
toda a gente aos cuidados básicos de saúde e educação.
Os tempos que temos vivido
criando obstáculos ao acesso aos serviços de saúde são ameaçadores.
Como afirma Michael Marmot, todas
as políticas podem ser avaliadas pelos seus impactos na saúde.
Sem comentários:
Enviar um comentário