Foi publicado o Despacho Normativo n.º 4-A/2016 relativo à organização do ano lectivo 2016/2017 nos
estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e
secundário.
Tal como tinha sido anunciado são
definidas as condições para o desenvolvimento de um programa de natureza
tutorial destinado a alunos do 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico que acumulem duas
ou mais retenções durante o seu trajecto escolar.
Confirma-se também que a cada
professor com a função de tutor serão atribuídos 10 alunos e terá quatro horas
semanais para esse trabalho.
Como disse na altura em que foi
anunciado, o programa tutorial parece-me um dispositivo muito interessante e que
vem dar sustentação a várias experiências desta natureza que muitas escolas e agrupamentos
desenvolvem com resultados positivos mas com dificuldades em matéria de recurso
ou com a utilização de meios exteriores á escola como é o caso da intervenção
da Associação EPIS.
Terá a vantagem de ser desenvolvida
pela equipa da escola e não por recursos exteriores ao sistema educativo e,
como tal, inexistentes em todas as escolas.
No entanto, como também disse e
sem ser pessimista, creio que as quatro horas semanais com 10 alunos para um
programa de tutoria com o perfil de intervenção definido e que julgo adequado,
parecem insuficientes no sentido de possibilitar resultados significativos.
Vejamos as funções.
Quem conhece a realidade das
escolas e as problemáticas complexas dos alunos em insucesso, com desmotivação,
desregulação de comportamento, ausência de projecto de vida, falta de
enquadramento e suporte familiar, lacunas graves nos conhecimentos escolares de
anos anteriores, etc., quase sempre presentes e só para referir dimensões relativas aos alunos, percebe a dificuldade de reverter,
para usar um termo em voga, o seu trajecto escolar.
À luz do que me parece ser um
trajecto de defesa da efectiva autonomia das escolas, preferia que, dando o ME
orientação e a possibilidade de gerir e alocar recursos a estes programas, que
fossem as escolas a organizar os seus programas de tutoria, definindo
destinatários, professores e técnicos envolvidos, tempos de realização e
objectivos a atingir.
Caberia, evidentemente, às
escolas e ao ME a regulação e acompanhamento dos programas e a sua avaliação.
No entanto, vamos a ver como irá
desenvolver-se o programa de tutoria que de facto me parece uma boa iniciativa.
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