Na passada 4ª feira a Confederação
Nacional de Organismos de Deficientes e a Associação Portuguesa de Deficientes realizaram
uma iniciativa prática a partir do Largo do Rato no âmbito do lançamento da
campanha “Ir, Vir e Viver – Acessibilidade para todos”.
A iniciativa não mereceu grande divulgação, os problemas das minorias são, evidentemente, problemas minoritários.
A campanha visa
sensibilizar e reclamar condições de acessibilidade para as pessoas com
mobilidade reduzida e a experiência serviu para mostrar a montanha de
dificuldades existentes apesar de sucessivos compromissos e legislação visando a
eliminação de barreiras. Embora a iniciativa tenha basicamente a ver com a
mobilidade reduzida julgo que no mesmo plano, barreiras e mobiliário urbano se
colocar os problemas das pessoas com deficiência visual que também nesta
matéria enfrentam inúmeras dificuldades.
Embora não seja um problema
exclusivo de Lisboa, a cidade não é em muitos aspectos uma cidade amigável para
cidadãos com necessidades especiais como muitas vezes aqui tenho referido.
Um exemplo conhecido é um espaço
emblemático como a Avenida Ribeira das Naus que foi recentemente recuperada
após longas obras e mais parece uma pedreira das naus com inúmeros obstáculos,
designadamente, para o uso de cadeira de rodas.
Mas há mais.
Quantas passadeiras para peões
têm os lancis dos passeios rampeados ou rebaixados ajustados à circulação de
pessoas com mobilidade reduzida que recorrem a cadeira de rodas?
Quantas caixas Multibanco são
acessíveis a pessoas na mesma situação?
Quantos passeios estão ocupados
pelos nossos carrinhos, com mobiliário urbano erradamente colocado, degradados,
criando dificuldades enormes a toda a gente e em particular a pessoas com mobilidade
reduzida e inúmeros obstaculos?
Quantos programas televisivos
disponibilizam Língua Gestual Portuguesa tornando-os acessíveis à população
surda?
Quantas crianças e adolescentes
com necessidades especiais não acedem aos apoios especializados de que
necessitam?
Quantas famílias de crianças com
necessidades especiais não acedem a apoios sociais que lhes permitam responder
às necessidades dos filhos?
Quantas crianças ou jovens com
necessidades especiais vêem negado o direito à educação de qualidade por legislação inadequada, falta de regulação das práticas, falta
de recursos técnicos, humanos, incluindo pessoal auxiliar, etc.?
Quantos jovens e jovens adultos
com necessidades especiais estão a ser excluídos da participação na vida das
comunidades a que pertencem com o suporte de uma legislação e modelos de
serviços que os destrata?
Quantos ...
Na verdade, apesar do muito que
já caminhámos, as crianças, jovens e adultos com necessidades especiais, bem
como as suas famílias e técnicos sabem, sentem, que a sua vida é uma árdua e
espinhos prova de obstáculos muitos deles inultrapassáveis.
Lamentavelmente, boa parte dessas
dificuldades decorre do que as comunidades e as suas lideranças, políticas por
exemplo, entendem ser os direitos, o bem comum e bem-estar das pessoas, de
todas as pessoas.
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