sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

O NOVO MODELO DE AVALIAÇÃO DO ENSINO BÁSICO

Com base em tudo o que já aqui escrevi sobre esta questão e na leitura do documento agora conhecido umas notas breves.
Parece-me positivo:
- A manutenção de dispositivos de avaliação externa, incluindo os exames do 9º que me parece aceitável nas actuais circunstâncias embora não esteja convicto de que a opção pela realização das provas de aferição no 2º, no 5º e 8º ano seja a melhor mas adiante retomo esta questão.
- A avaliação de outras áreas do currículo como Estudo do meio e Expressões no 1º ciclo ou outras disciplinas no 2º e 3º ciclo contrariando a afunilada hierarquia curricular vigente.
- A realização das provas no final do ano lectivo.
- A realização da prova do 2º ano na escola que os alunos frequentam acabando com a insensata deslocação dos alunos nos anos anteriores.
- A suspensão do Preliminary English Test uma “geringonça” como agora se diz mal explicada e justificada.
- A devolução dos resultados individuais às escolas o que possibilita a função reguladora que informa as provas.
A minha maior reserva, para além do calendário de implantação da mudança e da necessidade de maior discussão, prende-se com a realização das provas de aferição nos anos intermédios, 2º, 5º e 8º e não no final dos ciclos. A justificação parece clara, “… poder agir atempadamente sobre as dificuldades detectadas”.  É verdade que uma avaliação intermédia pode ter efeito regulador, formativo, e corrigir a trajectória do aluno.
É também verdade que quem conhece a escola e as suas problemáticas reconhece que o 2º, o 5º e o 8º ano são anos importantes quer do ponto de vista das aprendizagens quer, por exemplo no caso do 8º ano na ocorrência de episódios de indisciplina que, frequentemente, estão associados a dificuldades escolares.
No entanto e apesar disto, parece fundamental, como muitas vezes tenho escrito e creio que a generalidade dos docentes e das escolas assim procede, que a avaliação interna ao longo de TODOS os anos do ciclo detecte dificuldades e desencadeie os dispositivos e recursos de apoio para alunos e professores de forma a minimizar ou ultrapassar dificuldades. Nesta perspectiva não me parece essencial que as provas de aferição se realizem nos anos intermédios para detectar dificuldades que deverão ser conhecidas através de avaliação interna e do trabalho em sala de aula e já constantes da “Ficha Individual do Aluno”.
A questão que me inquieta é que a inexistência ou insuficiência destes apoios comprometa o trabalho de alunos e professores independentemente do modelo de avaliação externa que esta montado.
Por outro lado, no actual modelo de três ciclos no Ensino Básico julgo que a avaliação externa deverá realizar-se no final de cada ciclo primeiro porque os conteúdos e saber a adquirir estão estruturados numa lógica de ciclo e, segundo, porque se trata de anos de transição e mudança de currículo e disciplinas.
Parece-me ainda importante a constituição de um dispositivo de acompanhamento e avaliação deste novo modelo e deveríamos tentar que se introduzisse alguma estabilidade no sistema educativo, um bem de primeira necessidade.

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