quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

DA INDÚSTRIA DOS EXAMES

No DN abordam-se os primeiros efeitos colaterais da substituição dos exames finais do 1º e 2º ciclos por provas de aferição.
Ao que parece os Centros de explicações que nos últimos anos se tornaram um atraente nicho de mercado com a preparação para exames, sobretudo a partir do segundo período, já sentem a diminuição da procura.
Também as editoras que nos últimos anos desenvolveram mais uma estimulante área de negócio, a oferta de materiais específicos de preparação para os exames, sentem ameaçados os seus interesses comerciais.
Nada de estranho, muitas vezes aqui falámos do funcionamento da indústria de exames.
Parece-me, no entanto, útil uma pequena reflexão. Na segunda feira foi divulgado um estudo da responsabilidade conjunta da Fundação Francisco Manuel dos Santos e do CNE mostraram que nove em cada dez alunos com insucesso escolar são de famílias pobres.
A ajuda externa ao estudo e como ferramenta promotora do sucesso não está ao alcance de toda a gente pelo que é fundamental que as escolas possam dispor dos dispositivos de apoio suficientes e qualificados para que se possa garantir, tanto quanto possível, a equidade de oportunidades e a protecção dos direitos dos miúdos, de todos os miúdos.
A substituição dos exames pelas provas de ferição não altera esta necessidade imperiosa, antes pelo contrário, torna-a ainda mais pertinente para que se possam corrigir e apoiar ao longo dos vários ciclos as dificuldades de alunos e professores.
Talvez esta necessidade pudesse ser atenuada com o recurso a professores que já estão no quadro ou com contratos sucessivos e que estão ameaçados pela falta de horários.
De uma vez por todas, é necessário contenção e combate ao desperdício, mas em educação não há despesa há investimento.

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