Ao que se lê na imprensa o
Governo enviou para o Conselho Económico e Social as Grandes Opções do Plano, instrumento
que guiará a sua acção até 2019.
O documento envolve todas áreas da
Governação e na educação define-se a intenção de promover "uma maior
articulação entre os três ciclos do ensino básico, atenuando os efeitos das
transições entre ciclos, através da gestão integrada e revisão dos currículos
do ensino básico e da redução da carga disciplinar excessiva dos alunos".
Esta afirmação não é nova consta,
aliás, do Programa do PS para as Legislativas de Outubro na página 45:
• Promover uma maior articulação entre os três ciclos do ensino básico,
redefinindo progressivamente a sua estrutura de modo a atenuar os efeitos
negativos das transições entre ciclos, assumindo uma gestão mais integrada do
currículo e reduzindo a excessiva carga disciplinar dos alunos;
De há muito que entendo a
necessidade de ajustar, quer a organização do ensino básico quer as áreas
disciplinares e respectivos conteúdos tendo também aqui referido algumas ideias
sobre esta questão que vão, aliás, na linha do que se encontra em outros países
com sistemas educativos com bons resultados.
Sei também da enorme complexidade
de mudanças nestas áreas até pelo impacto que poderá ter na organização da
carreira e formação dos docentes para além da multiplicidade de variáveis a
considerar.
Assim sendo, o quer que venha a
ser realizado deve acontecer com uma enorme prudência, reflexão aprofundada e
com a participação o mais abrangente possível dos diversos actores e entidades
envolvidos.
Como afirmei a propósito da
mudança no sistema de avaliação, depressa e bem não há quem. Objectivos globalmente
positivos podem ser comprometidos por más metodologias ou calendários de
mudança inadequados.
Não sendo conhecido o
entendimento sobre o que significa, por exemplo, “redução da carga disciplinar
excessiva”, parece-me claro que as mudanças em matéria de conteúdos e
organização curricular são bem mais complexas que as mudanças no sistema de
avaliação. Importa que não se realizem de forma apressada e sem um consenso tão
sólido quanto possível sobre conteúdos e calendário das mudanças que, reafirmo,
me parecem necessárias.
Como muitas vezes afirmo, é tão
importante "fazer as coisas certas como fazer certas coisas". Se bem
repararmos nem sempre isto se verifica, mesmo na nossa acção individual. Em
políticas públicas é ainda mais necessário.
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