sábado, 30 de janeiro de 2016

HÁ VIDA PARA ALÉM DA AVALIAÇÃO

A discussão sobre a avaliação no ensino básico e as alterações introduzidas pelo ME. continuam na agenda como foi o caso de ontem em Conferência organizada pelo IAVE.
Não vou repetir tudo o que já escrevi sobre isso sempre na defesa da importância da avaliação externa através de provas de aferição no 1º ciclo e, eventualmente, com exames a partir do segundo
O que ainda quero sublinhar a propósito desta questão é que sendo fundamental a preocupação com os resultados e a sua avaliação, em educação os resultados só se alteram com a intervenção nos processos sendo então importante avaliar o impacto dessa intervenção medindo/avaliando os resultados. Assim, insisto na necessidade de definir de forma adequada e com os recursos necessários apoios para as dificuldades experimentadas por alunos e professores ao longo de todo o ciclo, nos vários ciclos, e disponibilizados em tempo oportuno.
É assim que os melhores sistemas educativos que não têm exames tão cedo estão organizados. Este entendimento não tem rigorosamente a ver com facilitismo pois não consta que esses países tenham sistemas educativos “facilitistas” apesar de não terem exames tão precoces e nos anos de exame apresentarem taxas de retenção muito baixas.
Parece-me ainda de considerar outro conjunto de variáveis com forte impacto nos processos sobretudo se considerarmos as especificidades dos nossos territórios educativos. Refiro, por exemplo, o impacto que turmas sobredimensionadas, metas curriculares excessivas e burocratizadas que inibem a acomodação das diferenças entre os alunos, insuficiência de apoios às dificuldades de alunos e professores durante todos os anos do ciclo, falta de verdadeira autonomia das escolas, entre outros aspectos, podem assumir na qualidade dos processo e, naturalmente, nos resultados.
Parece também necessário que se lance uma reflexão sobre a questão, difícil mas necessária, das metas curriculares e na lógica do entendimento integrado do Ensino Básico, creio que é de repensar a organização do Ensino Básico no que respeita ao número de ciclos e organização das áreas disciplinares.
É claro que se trata de um universo complexo com repercussões em várias dimensões, incluindo na carreira e formação de professores e, por isso mesmo, a reflexão e eventuais mudanças, devem ser realizada com competência, serenidade, tempo e envolvimento participado de toda a comunidade.
Como há dias escrevi, depressa e bem não há quem, e o ME deve resistir à tentação habitual de “alterar” para deixar a sua marca e responder a agendas imediatas ou de outra natureza.

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