Estava o Manel, miúdo de sete
anos, de volta do seu lanche no intervalo da escola, quando o Professor Velho
se sentou ao pé. O Professor Velho é aquele que já não dá aulas, está na
biblioteca e fala com os livros.
Olá Manel, o lanche está bom?
É bom, Velho, a minha mãe pôs daquele queijo que eu gosto. Velho, tu
sabes coisas, diz-me lá o quer dizer devagar se vai ao longe, estava uma
professora a falar isso.
A ver se eu consigo. Imagina que queres ir até uma escola que está
longe daqui e começas a correr muito rápido para lá chegares. Quase de certeza
vais ficar logo muito cansado, já não consegues nem andar e não vais chegar à
escola onde querias ir, se fosses sempre mais devagar, não te cansavas e
chegavas lá, percebes?
Acho que sim, Velho.
Manel, imagina ainda que querias aprender as coisas todas da escola
muito depressa, não irias ser capaz, tens que ir aprendendo à medida que andas
e assim vais conseguir aprender o que é preciso, entendes.
Velho, eu percebo o que estás a dizer e por isso não entendo porque é
que toda a gente me está sempre a chatear para fazer depressa, os meus pais
querem que eu coma depressa, que eu me vista depressa, que faça os TPCs
depressa, tudo depressa, A professora passa o tempo a dizer para me despachar,
que tenho de trabalhar mais depressa, escrever mais depressa, ler mais depressa
e mais coisas. Podias ir explicar a eles o que é, “devagar se vai ao longe”.
1 comentário:
Querido Manuel,
Bom, bom era os adultos perceberem e aceitarem que cada um tem o seu ritmo: a sua pressa, o seu vagar...
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