sábado, 23 de janeiro de 2016

A CONFLITUALIDADE EM EDUCAÇÃO

Em entrevista ao Expresso o professor Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, sublinha o impacto negativo das sucessivas alterações em matéria de política educativa produzidas pelas diferentes equipas do ME, incluindo a actual. Umas notas telegráficas.
Na verdade, o sistema educativo português parece condenado a uma dimensão de conflitualidade e instabilidade que lhe retiram serenidade e eficácia.
Não sou apologista de falsos consensos, a chamada paz podre, conseguida a todo o preço. A conflitualidade em educação, como noutras áreas, é, pode ser, um factor de desenvolvimento e crescimento.
Existem diferentes posicionamentos sobre educação e escolas designadamente no entendimento do que deve ser um sistema público de educação e ensino. É legítimo que assim seja em sociedades abertas e democráticas independentemente das nossas posições. Recordo como tantas vezes aqui discordei de dimensões da política educativa de Nuno Crato ou Maria de Lurdes Rodrigues só para citar dois exemplos fortes entre antigos ocupantes da 5 de Outubro.
A questão não é a existência destas diferentes visões sobre os caminhos da educação. Os problemas, a instabilidade, emergem quando essas diferentes visões e posicionamento perdem de vista os interesses e o bem-estar educativo de todos os alunos e passam a acomodar, sobretudo, outros interesses sejam partidários, corporativos, profissionais ou económicos.
É neste quadro que a conflitualidade corre o risco de ser parte do problema e não uma busca por soluções. Não está também em causa a legitimidade de alguns destes interesse mas o enorme risco de que a gestão desses interesses pode ameaçar a serenidade e qualidade do trabalho de alunos e escolas. 

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