Faltam as palavras para falar do
horror e da barbaridade que no mar e em terra vai acontecendo cada vez mais
perto de nós, que, provavelmente, acreditávamos estar a salvo de tamanhas
tragédias.
A merda de lideranças actuais da
generalidade dos países que põem e dispõem no xadrez do poder mundial e de
tantos outros subservientes e submissos que, em muitos casos, de pessoas não
sabe nem quer saber, permite, sem um sobressalto e com palavras que de inócuas
são um insulto, que se assista à barbaridade que as imagens, os relatos mostram
e o muito que se imagina mas não se vê.
Sem estranheza, sempre assim foi, sempre assim é, as crianças são sempre os mais vulneráveis dos mais vulneráveis mas, como sempre, apesar dos sobressaltos ao sabor da espuma dos dias e dos efeitos mediáticos que incluem as lágrimas de crocodilo, a hipocrisia e o despudor, nada acontece.
Apesar da complexidade é evidente
para toda a gente com um pouco de senso que nada disto se resolve com muros ou
vedações, manipulando emoções e interesses de circunstância ou combatendo
alguns e depois apoiar esses alguns ao sabor dos movimentos da luta pelo poder
Crescem muros, a barbaridade
estende-se, o horror é imenso e, por vezes, nem a retórica da condenação é
convincente e muitos menos, evidentemente, eficaz.
A questão é séria, os ventos
sempre semeiam tempestades e as tempestades num mundo global não ficam
confinadas nos epicentros.
Não existe terror mau e terror
bom. Não existe horror mau e horror bom. Não existe terrorismo bom e terrorismo
mau.
Como é possível que tal horror
aconteça e tanta gente com responsabilidades assobie para o ar e se fique pelas
palavras de circunstância.
Estou a lembrar-me de Rafael
Alberti e o seu "Nocturno".
(...)
Las palabras entonces no sirven, son palabras...
Siento esta noche heridas de muerte las palabras.
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