Acabei de assistir ao que tinha
sido anunciado como um debate entre Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa na RTP1
moderado por José Rodrigues dos Santos.
Tal como já ontem me tinha
parecido no debate entre Sampaio da Nóvoa e Marisa Matias, o formato não facilita
o debate e a incompetência e falta de preparação do “moderador” torna ainda mais difícil que tal
aconteça.
O “debate” de hoje mostrou o que
tenho vindo a chamar o “pecado original” da candidatura de Sampaio da Nóvoa,
não se construiu a partir de uma carreira partidária. Surge num quadro mais
alargado de participação cívica e cidadania. A forma como olha para o país,
para o seu passado, para o seu presente e para o seu futuro assenta numa lógica
de inclusão e transversalidade é diferente de um olhar que se formatado numa
lógica partidária vê o acesso ao poder como o objectivo, sabendo-se que,
evidentemente, que esse poder será exercido sobre todos mas não com todos.
Serve isto para dizer que as
lutas pelo poder vivenciadas num quadro partidário acabam muitas vezes por se
viverem de formas mais personalizadas, mais de guerrilha do que pelo debate de
ideias.
Nesta lógica, o encontro, não lhe
posso chamar debate, entre Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa mostrou alguém que
não vinha para debater ideias para a Presidência, Henrique Neto, que afirmou,
aliás, não ser preciso fazê-lo, pois já tinha dito tudo. Assim, utilizou o
tempo disponível para um ataque agressivo a Sampaio da Nóvoa baseado em
interpretações suas do que este terá afirmado e atacando-o também pelo que Henrique
Neto entendia que deveria ter afirmado.
Creio que Sampaio da Nóvoa terá
ficado verdadeiramente surpreendido por esta estratégia e insistiu sem
resultado na tentativa de discutir a Presidência e o futuro. A incompetência de
José Rodrigues dos Santos deixou que assim continuasse.
Não tenho nada contra a agressividade
em debates mas que seja mobilizada para a defesa de ideias e não para juízos
laterais e interpretações cujo objectivo claro é a pessoa Sampaio da Nóvoa e
não o candidato Sampaio da Nóvoa.
Desde o início da candidatura em
que surgiu aquela delinquente peça de João Taborda da Gama no DN sobre a participação
de Sampaio da Nóvoa nas provas académicas de Saldanha Sanches que afirmei que
iria ser desencadeada uma campanha tóxica, era só o começo.
Sampaio da Nóvoa, certamente bem
aconselhado, deverá estar preparado para uma campanha que a cada dia mais dura
se tornará, uma espécie de campo minado. Não poderá jogar com as mesmas armas,
terá de fazer a diferença pelas ideias e pela visão.
Creio que não deverá jogar o “jogo”
que lhe vai ser proposto para jogar, sobretudo, pelas candidaturas que competem
com a sua, deverá ser paciente e insistir assertivamente na diferença.
A natureza desta campanha mostra,
também, porque seria importante que alguém como Sampaio d Nóvoa chegasse a
Belém.
Como hoje Sampaio da Nóvoa ainda conseguiu
dizer no “debate” e até Henrique Neto concordou, uma das dimensões fundamentais
do nosso futuro é a inovação. Eu acrescentaria que esta inovação poderia
começar com a presença de alguém com o seu perfil na Presidência da
República.
É difícil mas terá de ser
possível.
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