O debate de Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de Belém, para além da recorrente impreparação e falta de competência genérica dos moderadores, veio acentuar o que ontem tinha emergido com clareza no debate entre Marcelo e Sampaio da Nóvoa.
Creio que Marcelo Rebelo de Sousa começou a perceber que as notícias sobre um passeio anunciado talvez tenham sido um pouco exageradas. Julgo que Marcelo abanou na sua superconfiança em que uma campanha eleitoral com décadas de avanço e sem contraditório seriam suficientes para que, passando sem grande agitação, seduzindo à esquerda e à direita apenas pela assentimento sobre o que ia ouvindo, a vitória estivesse no "papo".
Sentindo-se mais pressionado faz o que em muitas circunstâncias as pessoas mal preparadas para uma tarefa e assustadas com o inesperado da dificuldade fazem, fogem para frente.
Já ontem com Sampaio da Nóvoa usou a mesma receita, não permite que se discuta o futuro e ideias sobre a presidência para além do mínimo e da banalidade dos compromissos, das pontes, dos consensos, ou que lhe quiserem chamar, e assume uma postura agressiva, mal educada virada para as questões pessoais e para as irrelevâncias.
Como é evidente para uma pessoa como o seu grau de exposição e um cataventismo que acaba por assumir de uma forma ridícula com explicações do tipo "sim eu disse isso mas disse, você não disse nada" ou então, pateticamente, nega o inegável alinetando a expresssão popular, cada cavadela, cada minhoca.
Aliás, Marcelo Rebelo de Sousa ontem começou por afirmar que Sampaio da Nóvoa dizia representar um tempo novo por oposição a um tempo velho o que no seu entendimento dividia Portugal em dois países e hoje interpelado por Maria de Belém sobre este disparate já afirmou que as divisões de que falou não eram de natureza política mas fruto das políticas de austeridade que ele, evidentemente, nunca questionou seriamente. Elucidativo.
Maria de Belém, por outro lado, apesar de uma prestação que me surpreendeu pela positiva, aguentando e ripostando à postura agressiva e arrogante de Marcelo Rebelo de Sousa acaba por se fragilizar pela própria natureza da sua candidatura e pela falta de solidez percebida na sua potencial base de apoio e nos discursos elaborados.
Pode parecer estranho mas creio que o grande ganhador do debate desta noite terá sido Sampaio da Nóvoa. Sim, eu sei que sou apoiante da sua candidatura mas parece-me claro que foi identificado por Marcelo Rebelo de Sousa como o seu principal adversário apesar deste negar ver adversários na pessoa dos outros candidatos. A mudança de actuação de Marcelo Rebelo de Sousa espelha isso mesmo e, simultaneamente, espelha de forma mais claro porque é que não precisamos de cata-vento na presidência mas de alguém com rumo e visão para Portugal e para os portugueses dentro, claro das funções presidenciais.
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