De um estudo hoje revelado da responsabilidade do barómetro Segurança, Protecção de Dados e Privacidade em Portugal consideremos alguns dados. Cerca de 55.5% dos inquiridos entende que a insegurança aumentou e 26.9% que piorou bastante, ou seja, 82.4% considera que a insegurança aumentou face ao ano anterior. Entre os inquiridos, 36% revelaram que já tinham sido vítimas de algum crime. Parece-me também de sublinhar que 50% espera que a situação se agrave e cerca de um terço espera uma melhoria. Estes dados vão na mesma linha que um estudo há dias divulgado sobre a actuação da PSP referindo que os cidadãos queriam mais polícias, mais prisão e mais força na intervenção policial.
Não vou abordar nem razões nem interpretações sobre estes dados no domínio da segurança dos cidadãos, ou melhor, na percepção de segurança dos cidadãos, mas deixar algumas notas a propósito do impacto que esta percepção pode ter, poucas vezes considerado, nos miúdos e na sua educação.
Nos últimos anos tenho vindo a assistir a um discurso e consequentes práticas educativas excessivamente informado, do meu ponto de vista, pelas questões da insegurança. Não esqueço que temos certamente problemas de segurança, mas não creio que a grande maioria das nossas comunidades seja o inferno que muitos discursos parecem traduzir. Cada vez mais contacto com crianças e adolescentes assustadas e com medo do dia a dia. Cada vez mais as crianças e adolescentes “fogem” da rua para, “supostamente” ficarem em “segurança” dentro de casa, muitas vezes sós, em frente a um ecrã a assistir não se sabe bem a quê.
Acredito que sem perder uma visão realista e cautelosa face aos riscos óbvios que existem, temos a responsabilidade de evitar passar aos mais novos que a vida “lá fora” é uma selva, um inferno com um criminoso a cada esquina. Não é possível educar crianças com base no medo e na insegurança.
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