Na linguagem corrente vão entrando e saindo termos e expressões que provam, por um lado, o carácter dinâmico da língua e por outro como essas mudanças espelham as mudanças que a outros níveis e noutras dimensões também se fazem sentir.
Uma das fórmulas expressivas mais recorrentemente utilizadas e que, devo confessá-lo, mais me irritam é começar as frases por um assertivo “é assim”. A minha irritação não advém de nenhuma razão estética mas do seu conteúdo habitual.
Como já tenho referido, muitos de nós, na interacção com o outro, com os outros, revelamos pouca disponibilidade para trocar ideias ou pontos de vista sobre o que quer que seja. Quase sempre falamos como quem está a mostrar a única ideia ou ponto de vista ajustado. Falamos para impor, vender, a nossa posição porque ela é, obviamente, a melhor e a única, por uma razão simples, é a nossa.
Por isso, começarmos as frases por um indiscutível e definitivo “é assim”, ou seja, não é possível pensar ou interpretar de outra maneira, “é assim”, mesmo. Se estivermos atentos notaremos a quantidade de vezes que ouvimos tal expressão.
A partir de certa altura, sempre que alguém com quem estou a falar começa pelo inevitável “é assim”, aprendi a introduzir de forma repetida uma dúvida “e se não for assim?”.
Devo dizer que, frequentemente, a conversa acaba. É pena, mas ... é assim.
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