terça-feira, 30 de março de 2010

À DERIVA

No seu estilo voluntarista sorridente, a Senhora Ministra foi à Assembleia da República anunciar mais um pacote de medidas ou intenções em matéria de política educativa.
Depois de quatros anos de arrogante inflexibilidade fico com a progressiva sensação de que a actual equipa entrou num processo de navegação à vista com muita vontade de "fazer coisas" e, sobretudo, uma enorme preocupação de ir respondendo pela agenda. Pode ser um caminho complicado.
Das várias intenções e medidas a desenvolver hoje divulgadas e que tive acesso, algumas vão, creio, no caminho ajustado. Mudanças na estrutura e conteúdos curriculares, agilização e desburocratização nos procedimentos de natureza disciplinar, reforço da autonomia pedagógica das escolas, por exemplo, são medidas que me parecem acertadas. Por outro lado e também como exemplo, a aplicação de medidas correctivas por parte de funcionários (se bem percebi) e a criminalização do bullying com a ligeireza de que se fala levantam-me sérias reservas.
Esta forma de funcionar parece-me a arriscada. Lembrar-se-ão que depois de anunciar uma desejada e imprescindível mudança curricular, a Ministra veio posteriormente dizer que essa mudança seria apenas um ajuste e agora fala na possibilidade da existência de disciplinas que ocupem metade de um ano lectivo que se organiza em três períodos, o que, no mínimo, levanta dificuldades de gestão. Sugere a prudência que esperemos pelas próximas intervenções que, como nos vamos habituando, corrigirão algo do que agora foi anunciado de forma avulsa e num ímpeto de voluntarismo reactivo.
Parece-me que continuamos numa indesejável situação de dúvida e falta de equilíbrio entre fazer certas as coisas e fazer as coisas certas.

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