Também me incluo no grupo alargado de pessoas que se sente preocupado com os resultados genericamente baixos que os nossos alunos evidenciam, designadamente, a matemática. Sabemos todos como os conhecimentos matemáticos são fundamentais na construção dos projectos de vida, independentemente até do percurso que cada um fará. Em Portugal é ainda mais importante este conhecimento.
O povo, quando pensa na organização da vida e no seu bom andamento, utiliza expressões como "deitar contas à vida", "ser de boas contas", "é preciso fazer contas" e até se refere aos que "contam" ou "não contam" para alguma coisa. Como vêem as contas estão bem presentes.
Como dizia, entre nós é particularmente importante esta questão. Vivemos tempos em que é imprescindível saber fazer contas. A complicada situação económica em que muitos portugueses vivem a isso obriga, obviamente.
Mas não se trata só dessas contas. Toda a gente se interroga, "que ganho eu com isso?". Muitos dos nossos discursos e comportamentos perderam genuinidade, obedecem ao que chamamos de calculismo, ou seja, fazemos contas. Há sempre uma conta, um cálculo, por detrás, do que fazemos ou dizemos. Damos e trocamos pouco, vendemos ou compramos tudo, o que queremos e o que não queremos, o que precisamos e não precisamos. Não nos podemos distrair senão, cito outra vez o povo, "as contas saem furadas".
Os miúdos aprendem, mesmo que digam que eles não sabem, a fazer bem as contas. Aprendem como chegar ao que querem, fazem bem as contas. Os adultos, muitos, não se contentam com trocos, só contas com números grandes.
De facto, saber fazer contas, transformou-se numa peça fundamental no kit de sobrevivência com que nos equipamos.
No entanto, lamentavelmente e por várias razões, continua a haver muita gente, miúda, graúda e mais graúda ainda, chamam-lhes velhos, cujas contas dão, quase sempre, mau resultado.
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