Depois de um jantar tranquilo, toda a gente a olhar para a televisão, que no seu canto cumpria o papel que lhe estava cometido, evitar que a família fale, o Miguel dirigiu-se ao pai.
Pai, preciso da tua ajuda para um TPC.
O quê Miguel?
Preciso que me ajudes num TPC.
Claro que te ajudo na realização do trabalho de casa. Deixa até que te diga que fico muito satisfeito por, finalmente, te teres lembrado do trabalho de casa sem que fosse necessário que eu pergunte dez vezes se tinhas alguma coisa para fazer. Sabes como isso é muito importante para tu aprenderes e esta conversa também serve para a tua irmã, é bom que façam sempre os trabalhos de casa. Quando andei na escola muito do que aprendia era porque fazia sempre os trabalhos. Estou satisfeito contigo.
Pai, este trabalho não é bem como os outros.
Então?
A professora pediu para fazer um trabalho para mostrar como é a nossa relação com os nossos pais.
Acho muito bonito esse trabalho e ajudo-te a fazer. Já tens alguma ideia Miguel?
Já pai. A professora disse que tinha de ser uma coisa assim normal, para mostrar como é quase sempre a relação. Então lembrei-me de fazer uma birra, assim, tipo, eu quero ir fazer uma coisa, tu não deixas, eu começo a protestar, tu começas a gritar, eu choro assim um bocado para ver se te convenço, tu ainda gritas mais, eu choro mais alto e digo que não gosto de ti e depois tu deixas-me fazer o que eu queria. Pai, podemos começar?
Miguel, estás a brincar?
Não Pai, é a sério.
"Não acredito", disse o pai do Miguel já a gritar. E a cena continuou a desenrolar-se com o guião de sempre.
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