Mais um estudo comparativo internacional e lá aparece Portugal em lugar de relevo. Ontem tratava-se do altíssimo nível de problemas na saúde mental, hoje trata-se do pessimismo face aos rendimentos na terceira idade.
Muitos destes estudos tem a vantagem de legitimar e certificar a percepção que temos da realidade e, simultaneamente, demonstrar que a realidade é o que é e não aquilo que nós gostávamos que fosse, como transparece em muitos discursos políticos, que nos querem convencer de que realidade é aquilo que dizem, não o que vemos e sentimos.
Outros estudos na área económica têm demonstrado que Portugal é um país com uma enorme assimetria salarial, ou seja, a diferença entre altos rendimentos e baixos rendimentos do trabalho é das maiores. É sabido e reconhecido. Também sabemos que o cálculo das pensões de reforma é realizado com base nos vencimentos. Assim sendo, não será de todo estranho que aos altos rendimentos salariais, a pequena minoria, irão corresponder as reformas mais elevadas, enquanto aos baixos rendimentos salariais, a grande maioria, corresponderão as pensões de reforma de mais baixo valor.
Quando são interrogadas as pessoas sobre o que esperam do futuro na situação de reforma, as respostas não podem deixar de traduzir este cenário pelo que os seus receios e baixas expectativas emergem. O futuro joga-se no limiar da sobrevivência, corta-se nos medicamentos para chegar para o comer.
Assim, cumpre-se o fado, baixa mobilidade social, nasce-se pobre, vive-se pobre, reforma-se pobre e morre-se pobre.
Para que este fado deixe de ser o destino, por assim dizer, precisamos, creio, de considerar dois eixos fundamentais, a qualificação das pessoas e a dimensão ética da cidadania. Em qualquer destas áreas está muito, mas mesmo muito, por fazer.
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