Em Portugal temos o enraizado hábito de não aproveitar de forma útil a experiência dos outros, seja em termos individuais, institucionais ou até nacionais. Vem isto a propósito das dramáticas situações recentes vividas no universo da educação, o miúdo que se atirou à agua como reacção a comportamentos de outros alunos e do professor que se suicidou por não aguentar o tratamento a que alguns alunos o sujeitaram. Não adianta, no caso do Leandro, concluir se quando se atirou à agua se queria suicidar ou não, questão que no caso do professor nem sequer se coloca, saltou da Ponte 25 de Abril. A questão central é o isolamento e a falta de atenção que leva a que estas duas pessoas, que viviam uma situação conhecida e continuada de problemas, de maior ou menor gravidade mas de problemas, continuem sós, sem que alguém possa aproximar-se, estabelecer uma ponte, um apoio, chamem-lhe o que quiserem e não deixar que se afundem.
A qualidade na educação depende, entre muitas outras coisas, da atenção às pessoas. E falo das pessoas porque um miúdo com a condição de aluno é uma pessoa, não é só um aluno, tal como um professor, é uma pessoa, não é apenas um professor. Nestes casos falhámos porque não conseguimos perceber ou não quisemos perceber como aquelas pessoas se sentiam mal e que, provavelmente, não poderiam continuar abandonados.
Como referia de início, não era necessário que as tragédias acontecessem para entendermos que é necessário mudar muito do que fazemos e organizamos nos espaços escolares para alunos e professores. Existem muitas experiências e conhecimentos que poderiam ajudar a minimizar ou evitar o risco de que os limites fossem ultrapassados, como, tragicamente foram.
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