terça-feira, 16 de março de 2010

ESCRAVOS

Há uns tempos atrás tinha deixado um texto no Atenta Inquietude sobre esta questão à qual volto, a escravatura, sim, a escravatura algo de improvável no séc. XXI em países da Europa Ocidental.
Hoje volta a ser notícia o facto de em cada ano, algumas dezenas de portugueses, de pessoas, serem sequestradas e colocadas a trabalhar em estruturas agrícolas em Espanha. Como em todas as situações desta natureza, as autoridades estimam que os casos conhecidos sejam em número bastante inferior ao que na verdade se verifica. Sabemos de como no mundo inteiro o tráfico de pessoas se constitui como uma das áreas de mercado mais rentáveis, designadamente, no caso de mulheres para o universo da prostituição. Lamentavelmente, esta situação já não causa estranheza e as comunidades acabam por revelar alguma condescendência, pois as conhecidas casas de alterne têm existência bem visível e certamente frequência que as justifique não podendo, pois, desconhecer-se a provável situação de exploração em que muitas mulheres aí presentes estarão sujeitas.
No entanto, a escravatura para trabalho agrícola parece algo “fora do tempo” e de impossível existência nos nossos países. Mas existe, e é sério o problema que, como não podia deixar de ser, atinge os mais vulneráveis.
Independentemente da eficácia dos mecanismos de prevenção e combate a tais situações, a sua existência mostra como são frágeis e relativos os nossos valores sobre o que é desenvolvimento, os nossos discursos sobre a salvaguarda do direitos humanos, discursos que são sólidos sobretudo quando se dirigem a realidades mais longínquas. Custa-me a acreditar que as comunidades onde se passam este tipo de episódios os desconheçam.
É o que costumo designar pelo efeito da transparência, só vemos o que queremos ver, o resto é transparente.

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