Estava em luta com a imaginação para tentar escrever um texto para aqui partilhar quando faltou a energia eléctrica por aqui. A vida moderna e, sobretudo, a bateria do portátil permite continuar a trabalhar, embora com alguma dificuldade de encontrar as letras, pois a máquina entrou em modo de poupança e é melhor que assim fique, não sei o tempo que demorará.
Nesta procura pelas letras lembrei-me da moda do cancioneiro alentejano que diz "é tão triste não saber ler, como é triste não ter pão, quem não conhece uma letra, vive numa escuridão".
De facto, esta escuridão que dificulta o reconhecimento das letras é tão difícil de entender como de ultrapassar. É por isso que não é possível aceitar que alguns miúdos possam passar pela escola e, tendo capacidades para aprender, dela saiam sem "conhecer uma letra", ou seja, sem ferramentas que lhes permitam construir um mundo, o seu mundo, de forma positiva e saudável. Provavelmente, restar-lhes-á a escuridão, para eles, e a sombra que a sua escuridão projecta sobre nós.
O que mais me incomoda, por estranho que possa parecer, não é tanto que alguns miúdos "nasçam e vivam" condenados à escuridão, não somos e não seremos perfeitos, é que alguns de nós achem que isso é normal.
Entretanto voltou a luz, felizmente, já não estou na escuridão.
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