Estou entusiasmado. Esta iniciativa, vinda daquela entidade tão curiosamente definida por “sociedade civil”, mobilizará cerca de 100 000 portugueses no sentido de limpar um pouco do muito que Portugal tem para limpar.
Não sei quais serão as prioridades definidas, li que cerca de 13 000 lixeiras poderão ser eliminadas. Se se conseguir será bom e Portugal ficará mais bonito. A iniciativa, que certamente mobilizará muitas crianças que, por sua vez mobilizarão muitos pais, poderá contribuir para alguma mudança nos comportamentos e cultura sobre questões de ambiente.
No entanto, temo que nem mesmo 100 000 pessoas a esforçar-se por limpar Portugal possam ter algum efeito em áreas onde seria imprescindível que o tivessem.
Talvez fosse importante proceder a alguma limpeza nos discursos e comportamentos de boa parte da nossa classe política que, tantas vezes, atingem um estado de degradação e putrefacção ambiental insustentáveis.
Também me parece que algumas ideias que começam a instalar-se necessitavam de alguma limpeza. Estou a referir-me à defesa de políticas altamente musculadas e “policializadas” que apesar de direccionadas para questões sérias e preocupantes nos podem conduzir por caminhos perigosos assentes exclusivamente na repressão.
Creio que poderia ser limpa a facilidade insultuosa com que muitas pessoas se atribuem mordomias e benefícios que insultam o cidadão comum mergulhado numa crise de que se não vislumbra o fim.
Um outro aspecto a carecer de alguma limpeza remete para o lixo presente na vida dos miúdos, na alimentação, nos comportamentos que lhes são dirigidos ou no entretenimento, que poluem cabeças que de tão sós se habituam a tal lixo.
Enfim, apenas alguns dos exemplos que solicitariam, creio, alguma limpeza. No entanto, é preciso começar por alguma lado.
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