quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

VIOLÊNCIA, ESCOLA E FAMÍLIA

A propósito do incidente de ontem no Colégio de Braga em que um adolescente foi ferido por um disparo acidental de um colega que mostrava uma pistola trazida de casa, o Director do Observatório de Segurança Escolar afirmou que as participações de violência nas escolas diminuíram 45% nos últimos três anos. Sabemos que em diversas áreas o número de participações não corresponde ao número de ocorrências pelo que os números reportados podem não ser reais.
No entanto, é de registar a descida dos episódios que se deverá provavelmente a um mais atento e eficaz trabalho das escolas nesta matéria. Por outro lado, parece-me importante sublinhar dois aspectos que recorrentemente afirmo e que, não sendo desconhecidos de ninguém, são, por vezes esquecidos.
Em primeiro lugar a escola é, será sempre, um reflexo do contexto económico, social e cultural, bem como do sistema de valores em que se integra. Neste quadro, em tempos de violência, a escola espelha essa violência, em tempos de sentimento de insegurança, a escola espelha essa insegurança, em tempos de sentimento de impunidade, a escola espelha esse sentimento de impunidade. Por tudo isto não é possível, como alguns discursos o fazem, responsabilizar exclusivamente a escola, por estas situações. A escola fará certamente parte da solução mas não é, não pode ser, A solução, esta passará por intervenções concertadas no âmbito das comunidade.
Um segundo aspecto prende-se com o trabalho com as famílias. Muitos casos de violência na escola estão associados, não estou a falar de uma relação de causa-efeito, à acção negligente ou menos competente por parte das famílias. Continuo fortemente convicto que nas escolas deveriam ser criados dispositivos, com recursos, humanos e de tempo por exemplo, para trabalho sistemático e estruturado com as famílias. Com as metodologias mais frequentes, reuniões de pais e convocatória para as famílias problemáticas irem à escola, que se revelam ineficazes, a maioria dos pais nem sequer aparece, creio que será muito difícil alterar ou, pelo menos, minimizar os efeitos das variáveis familiares nos comportamentos dos miúdos.
É evidente que a vigilância e os dispositivos de segurança são importantes mas não chegam.

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