Uma das mais vulgares expressões em português é, creio, faltar a luz, significando falha de energia mesmo quando tal acontece durante o dia. De facto, faltando a energia falta a luz. Ou será que é ao contrário.
Esta noite tive a surpresa interessante de chegar a casa em plena falta de luz. Contrariamente ao esperado a falha prolongou-se e já vai em horas. Devo dizer que foi o desatino completo. Vista a partir da vela ou da lanterna a casa, o mundo, parece outra coisa. As rotinas desorganizam-se e desorganizam-nos. Ainda dizemos que não gostamos de rotinas, logo que nos escapam ficamos aflitos.
A casa, o mundo, transforma-se num jogo de sombras que se agitam, nos confundem, e o conhecido fica quase desconhecido, é outra casa, outro mundo. Ainda me lembro de parte da minha infância se ter passado à luz do candeeiro a petróleo e, posteriormente, do inovador Petromax. A lembrança de ontem só me faz sentir mais a falta de hoje, aquilo era dantes.
Não consigo ler o jornal, não sei como vai o mundo lá do lado de fora, não tenho televisão nem net. Esperem, a net resolve-se, tenho a banda larga que uso no meu Alentejo. Que alívio, já posso voltar a espreitar o que por aí vai.
Também já posso vir ao Atenta Inquietude colocar este desabafo.
A falta que faz a energia, a luz.
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