quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

OS PROFESSORES, ESSA "MALANDRAGEM" INDISPENSÁVEL AOS NOSSOS FILHOS

Depois da aparente acalmia posterior ao acordo entre ME e representantes dos professores surge a discussão sobre os horários e o conteúdo do trabalho dos professores. Esta discussão suscita reacções no mínimo curiosas, basta atentar na maioria dos comentários on-line sobre estas matérias. Os conteúdos desses comentários oscilam entre a ignorância e a boçalidade, entre o insulto à inteligência e a desregulação dos valores. Neste contexto e correndo o risco de desencadear novos comentários, aqui fica um excerto de um texto que em tempos publiquei no Atenta Inquietude e que volto a considera oportuno.
Pensemos então na importância essencial e na responsabilidade que o trabalho dos professores assume na construção do futuro. Tudo passa pela escola e pela educação.
Pensemos no que é ser professor hoje, em algumas escolas que décadas de incompetência na gestão urbanística e consequente guetização social produziram.
Pensemos em como os valores, padrões e estilos e vida das famílias se alteraram fazendo derivar para a escola, para os professores, parte do papel que compete à família.
Pensemos na forma como milhares de professores cumprem a sua carreira de poiso, em poiso, sem poiso e sem condições. E não nos esqueçamos também da imprescindível necessidade de que o seu trabalho seja avaliado.
Pensemos nos professores que nos ajudaram a chegar ao que hoje cada um de nós é, aqueles que carregamos bem guardadinhos na memória, pelas coisas boas, mas também pelas más, tudo contribuiu para sermos o que somos.
Pensemos em como os professores são injustiçados na apreciações de muita gente que no minuto a seguir a dizer uma ignorante barbaridade qualquer, vai numa espécie de exercício sadomasoquista entregar os filhos nas mãos daqueles que destrata, depreendendo-se assim que, ou quer mal aos filhos ou desconhece os professores e os seus problemas.
Pensemos como é imprescindível que a educação e os problemas dos professores não sejam objecto de luta política baixa e desrespeitadora dos interesses dos miúdos, mesmo por parte dos que se assumem como seus representantes.
Pensemos em como a forma como os miúdos, pequenos e maiores, vêem e se relacionam com os professores está directamente ligada à forma como os adultos os vêm e os discursos que fazem.
Pensemos, finalmente, como ser professor deve ser uma das funções mais bonitas do mundo, ver e ajudar os miúdos a ser gente.

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