quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

OS BONS QUE SÃO BONS E OS BONS QUE NÃO SÃO BONS

Ao que parece 83% dos professores foram avaliados com Bom o que na opinião da Ministra justifica a possibilidade dos que obtiveram Muito Bom e Excelente progredirem mais rapidamente na carreira sustentando assim a contingentação em alguns escalões, a proposta do ME, como se sabe.
Este argumento é estranho e desajustado. O resultado destas avaliações foi obtido através de um Modelo, o famoso "Modelo" que começou por ser nada e acabou sendo coisa nenhuma pelo que até o ME o abandonou. Sabe-se, por exemplo, que sem aula assistidas os professores não poderiam ter Muito Bom ou Excelente. Os resultados de um processo de avaliação incompetente, seguido de formas diferentes em diferentes escolas e agrupamentos não são credíveis e, por isso, não devem, ser a justificação para definir um modelo de carreira, seja ele qual for.
Dito isto continua em aberto a discussão, os Bons professores podem ou não chegar ao topo da carreira?
Se são Bons professores porque não? Partindo do pressuposto de que a avaliação é séria, competente e transparente, parece difícil achar que não. Ao mesmo tempo e sem diferença para os Muito Bons professores e para os Excelentes? Merece discussão. Por outro lado, se a avaliação for uma espécie de avaliação nem vale a pena discutir o modelo de carreira, a questão está inquinada à partida.

2 comentários:

Joaquim Ferreira disse...

Excelente... Evidenciamos positivamente um parágrafo, com o qual concordamos integralmente: "O resultado destas avaliações foi obtido através de um Modelo, o famoso "Modelo" que começou por ser nada e acabou sendo coisa nenhuma pelo que até o ME o abandonou". Gostaria de dizer que, desde que fui nomeado Professor Titular que luto para acabar com esta coisa (que não era coisa nenhuma!). Era “incompetemente” Titular (não porque me considere incompetente mas porque fui nomeado por alguém incompetente!). Não me sinto nem mais nem menos competente que muitos que ficaram de fora. "Porque se candidatou" - estarão a perguntar. Simples. Para ficar de fora e poder publicar o meu curriculum (académico e profissional) sob o título: "Com este curriculum, fui considerado um Incompetente!" Sim. Um incompetente e um preguiçoso, como permitem que nos chamem os comentadores em "O Público On-line". Incompetente, sim. E, talvez tenha sido por isso que fui convidado para trabalhar num gabinete de assessoria do Ministério de Educação (sim, porque só lá vão parar os incompetentes!) tendo lá trabalhado no "reinado" de Ministros do PSD e do PS. Desde Manuela Ferreira Leite (no tempo de Aníbal Cavaco Silva) a Eduardo Carrega Marçal Grilo (nos governo de Guterres, em que Sócrates também era membro do governo, lembram-se?). Sim, devo ter sido convidado pela incompetência porque é esse o critério para se chegar lá acima, aos lugares de chefia...
Não Calarei A Minha Voz... Até Que O Teclado Se Rompa !

Joaquim Ferreira disse...

Por último, há algo que escreveria de modo diferente do autor. Refiro-me à pergunta que colocou: "Os Bons professores podem ou não chegar ao topo da carreira?" As suas questões continuam. "Se são Bons professores por que não?" Pois bem. O problema é este. É saber se alguém é excelente ou Muito Bom ou se teve (como em muitas outras profissões, pode ter-se um "Ano Muito Bom", ou até um "Ano Excelente". Confesso que há semanas em que, como profissional, me sinto excepcional; outras em que me sinto mediano; e outras Muito Bom... O autor admite a chegada ao topo. Queremos aqui questionar os temos de Topo e Base. A carreira docente não é, para nós, uma carreira vertical (como a militar!) com subida de patamares com funções diferenciadas, em que se tem em vista chegar a um TOPO, ficando em posição de comando sobre os subalternos. Antes é uma carreira horizontal em que há o reconhecimento da dedicação e do profissionalismo através da mudança e não subida de escalão (a introdução de números ordinais para identificar os escalões por parte dos governantes não foi ingénua. Antes, visava isso mesmo: dar a ideia de superioridade, de hierarquia para poder apresentar à opinião pública que os professores queriam chegar todos a generais. Pois bem. As patentes dos professores são (contrariamente à militar que vai de soldado a General!) de professor a professor. Nenhum com mais tempo de serviço ou num escalão identificado com um número mais elevado dá ordens ao de escalão com um indicador mais baixo.
Estruturar os escalões do 1º ao 10º foi uma estratégia que não cola para dar a ideia de topo. Não há topo. Aliás, existem os escalões bem poderiam estar identificados por letras ou simplesmente pelo índice remuneratório.
Ora, esta situação nunca poderia verificar-se nos militares. Todos serem soldados e alguns distinguirem-se pela letra ou pelo índice remuneratório. Aliás, até nos ombros se vê a patente de cada um. Nestes, as funções são claramente diferentes conforme a patente que se detém a cada momento. Por isso, quando questiona "sem diferença para os Muito Bons professores e para os Excelentes? Merece discussão". nós diríamos, EM DÚVIDA. Pode é ser em momentos diferentes. Admite-se que uns cheguem ao vencimento mais elevado mais cedo que outros. Mas isso já se verificava na avaliação do década de 90, em que certos graus académicos permitiam progredir mais rapidamente e nunca criou celeuma algum. Teve que chegar MLR para criar atritos com os professores. Isto porque a avaliação de um professor não é a constatação da competência de alguém como um estado amorfo como se alguém atingisse esse estado e não pudesse progredir. Isso seria adulterar tudo que é a dinâmica da vida profissional. Não é um estado fixo como o "estado civil" (e nem esse permanece toda a vida!)... É algo dinâmico, que se processa de forma dinâmica.
Não Calarei A Minha Voz... Até Que O Teclado Se Rompa !