Por opção, nunca no Atenta Inquietude são abordados os problemas e questões fora do nosso contexto, Portugal.
No entanto, é impossível resistir a uma referência à tragédia do Haiti, um país que, desde que existe, vive em tragédia. As imagens que sem pudor nos entram pela casa são a definição da vulnerabilidade, do terror, da impotência, no fundo, a expressão trágica e definitiva da nossa pequenez.
O drama ultrapassa e relativiza tudo aquilo que cada um de nós entende como sofrimento. Estão e vão desencadear-se, é habitual e imprescindível, iniciativas de apoio das mais variadas naturezas e origens. Vão chover as mensagens de solidariedade, como esta. A questão é que a devastação tem dimensões irrecuperáveis.
Quando nos confrontamos com a violência que a natureza pode assumir e para a qual nunca estaremos suficientemente preparados, deveríamos entender e assumir que, pelo menos, a violência de que somos nós os responsáveis fosse minimizada e evitada.
Na verdade, a violência de que somos responsáveis, como guerra, fome ou ausência de cuidados de saúde em boa parte do mundo, causam mais vítimas que a violência da natureza.
Uma das diferenças é que a violência da natureza a todos nos faz sentir fracos e pequenos, a violência das pessoas a alguns faz sentir fortes e grandes, aos responsáveis, como é óbvio.
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