O Publico hoje apresenta um trabalho interessante sobre os problemas da geração que muitos consideram perdida, a que está entre os 16 e os 25 anos. Devo dizer que não gosto e não acredito na ideia de geração perdida. Na forma como se olha para o problema da geração que em cada momento histórico está a chegar à vida adulta não é raro a utilização do termo "perdida" para a caracterizar. Também a minha geração quando chegou ao final da adolescência era uma geração perdida, nos costumes. Dito isto, é bom termos consciência que a geração actual entre os 16 e os 25 enfrenta problemas sérios na construção do seu projecto de vida. Andaremos melhor, creio, se bem percebermos como os modelos culturais, sociais e, sobretudo, de desenvolvimento económico criaram um cenário de grande dificuldade, sobretudo ao nível da entrada no mercado de trabalho. A circunstância de crise, esperemos que conjuntural, acentua e amplia as dificuldades. Os jovens, por não terem ainda entrado no mercado de trabalho, fazem parte das franjas mais vulneráveis e ameaçadas pelas dificuldades e das menos protegidas por políticas sociais. Por outro lado, como também a refere a peça que o Público dedica a esta matéria, a actual geração é a mais qualificada de sempre, ou seja, a que mais preparada se encontra para construir um projecto de vida o que é essencial.
Assim, do meu ponto de vista, mais do que considerar perdida a geração que está bater à porta da vida adulta, é necessário, diria imprescindível, repensar modelos e valores, deixar de endeusar o mercado, recentrar as políticas nas pessoas. Se não o fizermos e sem ser catastrofista, correremos o sério risco de fazermos todos parte de gerações perdidas, seja qual for a idade.
Devo dizer que, nesta matéria, sou razoavelmente optimista, a história permite esse optimismo.
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