Ao que se lê na imprensa Associação
Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas retomou a proposta
que já havia divulgado em Junho de 2016 no sentido de que a organização do ano
lectivo deveria ser em dois semestres em três períodos como actualmente. A
proposta, afirmam, minimizaria os efeitos das assimetrias de duração entre os períodos
dada a sua definição através de datas móveis, seria positiva para a organização
das escolas e a existência de dois intervalos de avaliação dos
alunos é mais positiva em termos escolares que o modelo actual.
De facto, também no calendário
escolar proposto para 2017/2018 se verifica mais um ano lectivo com enorme
desequilíbrio na duração dos períodos escolares. O próximo ano terá um primeiro
período extenso e um terceiro período mais uma vez curtíssimo até à entrada no
período de avaliações.
Julgo e também já o tenho
afirmado que esta questão deveria ser repensada. Aliás, os tempos da escola
justificariam ser globalmente repensados.
Se bem se recordam o blogue
ComRegras promoveu há algum tempo um inquérito dirigido a directores de escolas
e agrupamentos no qual 54.1% dos 181 directores que responderam concorda que o
ano escolar seja organizado em dois semestres e não nos habituais três períodos
de aulas. Esta ideia parece ter sido retomada pela Associação.
Como já tenho referido, não tenho
uma posição fechada e fundamentada sobre as eventuais vantagens sendo certo que
existem outros sistemas em que se verifica o modelo semestral.
No entanto, creio que mesmo numa
organização em três períodos a situação que me suscita mais dúvidas é o
desequilíbrio que frequentemente se verifica na duração dos períodos e que se
repete de forma muito evidente no próximo ano lectivo.
Esta situação decorre do facto de
a Páscoa ser uma festa móvel e ser sempre o final do 2º período. As alterações
são significativas.
Parece claro que esta situação
não é a mais adequada e julgo ser de considerar um modelo semestral embora
mesmo no modelo actual e sabendo que não é fácil mudar a tradição, mudar nunca
é fácil, talvez fosse de tentar que o calendário escolar não esteja colado a
festividades móveis.
No entanto, creio que vale a pena
reflectir nestas matérias, ouvindo a participação dos vários actores, estudando
experiências de outros sistemas e, eventualmente, de uma forma tranquila,
oportuna no tempo, repensar o calendário escolar.
Nesta reflexão deveria estar
incluída a discussão dos benefícios e eventuais efeitos negativos da criação de
uma “pausa” a meio do primeiro período modelo existente em vários países.
Creio mesmo que seria desejável
que pudéssemos reflectir de forma global para os tempos da escola considerando
outros aspectos.
Num país com as nossas condições
climáticas, tal como genericamente no sul da Europa, e considerando boa parte
do nosso parque escolar, aulas prolongadas até ao Verão seriam algo de, literalmente,
sufocante.
A Confap tem defendido onze meses
de actividade na escola. Sendo a guarda das crianças um problema sério e que
reconheço, também entendo que não pode ser resolvido prolongando até ao
“infinito”, a infeliz ideia de “Escola a Tempo Inteiro”, a estadia dos alunos
na escola. A “overdose” é sempre algo de pouco saudável.
No que respeita aos tempos
escolares, os alunos portugueses, sobretudo no início da escolaridade tem umas
das mais elevadas cargas horárias. Como bem se sabe, mais horas de trabalho não
significam melhor trabalho e os alunos portugueses já passam um tempo enorme na
escola. Talvez seja de introduzir nesta equação a variável “áreas disciplinares
e currículos”, considerando o número de áreas ou disciplinas, conteúdos,
organização de anos e de ciclos, etc.
Neste contexto, creio que vale a
pena reflectir com tempo e serenidade nestas matérias, semestres ou trimestres,
por exemplo, com a participação dos vários actores, estudando experiências de
outros sistemas e, eventualmente, de uma forma tranquila, oportuna no tempo,
sustentada, repensar os tempos da escola.
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