O estudo divulgado no
Público sobre os potenciais efeitos positivos da possibilidade de comprar tempo, um bem de primeira necessidade e que vai escasseando para muitos de nós,
recordou-me uma história antiga que aqui deixei em modo “diálogo improvável”.
Bom dia, venho apresentar uma queixa.
Com certeza, contra quem?
Contra muita gente.
Será, portanto, contra incertos. E apresenta queixa porquê?
Por roubo, roubaram-me tempo.
Muito bem, então roubaram-lhe tempo. Por favor, pode explicar um pouco
melhor para eu poder registar a situação.
Eu já não tinha muito tempo porque nunca fui uma pessoa muito rica de
tempo, mas o pouco que tinha roubaram-me. Fiquei sem tempo para estar com os
meus filhos e brincar com eles. Este tempo faz-me muita falta, os miúdos andam
tristes porque desde que me roubaram o tempo não consigo mesmo. Já não tenho
tempo para descansar ou ler qualquer coisa como gostava de fazer. Não tenho
tempo descansado para a minha mulher que também precisava do tempo que eu tinha
e que partilhava com ela. No meu trabalho não tenho tempo para parar um minuto
sem que alguém venha logo chamar a atenção. Fiquei sem o tempo que tinha para
beber um copo com os meus amigos e trocar umas lérias que serviam para aliviar
das coisas da vida.
Eu percebo o seu problema, mas como deve calcular não tenho tempo para
queixas como as que apresenta.
Não tem tempo? Não me diga que também lhe roubaram o tempo. Até às
autoridades, é demais.
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